sexta-feira, 8 de março de 2013

MONO E STEREO




Aqui há dias, foi divulgada de inúmeras formas e com uma incompreensível amplificação, uma notícia de que uns polícias não teriam deixado viajar um cão num comboio, pois não tinha pago bilhete …
A notícia, veiculada de forma tendenciosa, apenas contou a história em “mono” e para muitas pessoas não foi possível saber a versão “stereo” ficando, assim, com uma opinião incompletamente formada sabendo-se, mais tarde, que não tinha sido bem assim ... e ainda bem que foi reposta a verdade, dignificando a função do revisor e dos agentes da GNR que estiveram envolvidos no assunto.

Há, no entanto, uma outra história recente que, lamentavelmente, não teve a mesma divulgação nas redes sociais e nos media e que envolveu também agentes da autoridade.

Em brevíssimas palavras, o que aconteceu foi que a polícia foi chamada a intervir numa denúncia de furto num supermercado e, ao chegar, estava lá uma senhora, com o vigilante, e  que tinha furtado alguns géneros alimentares (iogurtes, pão e leite).
Interrogada pelos agentes a confessa autora do crime declarou que o produto do furto se destinava a alimentar dois filhos que com ela viviam e que ainda nada tinham comido nesse dia.
A gerente do supermercado, no sentido de apurar o valor do furto, passou os géneros pela caixa registadora sendo que o seu total pouco passava dos 4,00 €.
O agente tirou o dinheiro do bolso, perguntou se aceitariam o pagamento da sua parte e se o supermercado pretendia procedimento criminal. Dado o pequeno montante e o facto de tudo se encontrar pago, a gerente disse que não.

A autora do furto foi chamada à parte, onde, lavada em lágrimas, lhe foi dito que “pedir não é crime” e “se for detida num furto não poderá conseguir comida para os filhos”.”Não volte a furtar mais nada pois pode não ter a mesma sorte que teve hoje”.

Existem pessoas assim, sensíveis e humanas que vêm todos os dias outros com necessidades cujo ultimo recurso é pedir ou furtar … e não estou a referir-me aos ociosos do RSI, estou a falar daqueles que tinham a sua vida organizada e viram os seus empregos desaparecerem.

Tenho dito !!!!




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