A Ana com 4 anos numa foto que ela própria me ofereceu na data do aniversário
Hoje é um dia triste para todos nós cá em casa e para mim em particular que não consigo esconder como por vezes gostaria, os meus sentimentos ... quem me conhece sabe que sou um "sentimentalão" e que as lágrimas me fluem com facilidade quer nos momentos de alegria quer nos de tristeza ... e hoje é, seguramente, um desses dias.
A minha afilhada Ana Sofia faleceu ontem à noite, no H. Pediátrico em Coimbra para onde tinha ido já com reduzidas esperanças numa melhoria do seu cada vez mais grave estado de saúde.
A Ana nasceu com uma doença genética rara, o síndrome de Hurler que se manifestou ainda com poucos meses de vida e que a condicionou para toda a sua breve existência.
Os pais, nossos amigos de há muitos anos, souberam ter uma coragem e um "à-vontade" com que lidavam com o problema que eu muitas vezes apontava como exemplo e referia que, eu próprio, não seria capaz de ter ... pais corajosos, que souberam lidar com a "diferença" da Ana e sempre procuraram manter a sua vida "normal" apesar das dificuldades que sabíamos ter mas, repito, sempre de cabeça levantada e com um entusiasmo que a maioria de nós não conseguiria ter ...
A Ana ao colo do pai na festa de aniversário da Joana em 2005
Recordo ainda com muita ternura e já saudade expressões que ficaram na memória de todos como, por exemplo: "ninos, iá papa" (quando lhe pedíamos que fosse chamar o irmão e os meus filhos avisando que a refeição estava pronta); "nuno" (quando se queria referir ao meu filho João Nuno porque tratava o seu irmão por João),.. e muitas outras que nos faziam sorrir de forma meiga e muito ternurenta.
E já me esquecia dos assobios ... a Ana assobiava duma maneira tão engraçada que ria connosco quando assobiava... "assobia ó melro" dizia-lhe eu ...
Soube pelo pais que a sua partida foi um momento de paz e tranquilidade, numa cama do HP, junto deles e do irmão, a ouvir uma música, coisa que a mãe habitualmente lhe proporcionava nos momentos em que estava no hospital e que sabia que a tranquilizava ...
Choro ... e choro de forma que me faz interromper o raciocínio mas que alivia um pouco desta dor que magoa "cá dentro", ... acredito que o momento devia ser de paz e serenidade por saber que, finalmente, a Ana e a sua familia, que tudo fez para lhe proporcionar uma vida o mais confortável possível, também agora poderão encontrar a sua paz e o seu sossego, que os desgastava ...
Mas que querem? ... sou assim, como disse no início ... um, pobre sentimentalão que por tudo e por nada chora ... e gostava muito da Ana .... merda de vida.
Um grande abraço João.
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