Sexta-feira, dia 5 de Maio ... era o último dia da nossa Aventura Marrocos 2017.
A "empresa" que sempre constituímos para estas passeatas estava a ficar descapitalizada (cada um dos participantes comprou 500,00 de acções) e tínhamos bilhetes para ir a Jerez ver as corridas numa extrema gentileza de Sua Excelência Reverendíssima Eminência, o Sr. Nelo Teixeira que, em troca de o levarmos connosco a passear por Marrocos nos presenteou com os almejados tickets.
Partimos do hotel em Meknès cedo como, de resto, sempre fazemos ... "rolamos" o mais possível de manhã e quando chegamos aproveita-se para o que for oportuno.
O trânsito em Meknès é um inferno ... no dia anterior, ao final do dia, já tinha tido oportunidade de constatar como era... mesmo em frente ao hotel, um automobilista derrubou uma scooter e os dois jovens que nela viajavam.
Depois duma exaltada troca de palavras em árabe, tudo ficou resolvido com umas palmadas no ombro e uns sorrisos.
Este episódio trouxe-me à memória um outro, o ano passado, em Chefchaouen em que um taxista abalroou um outro automóvel ...
Saíram ambos os condutores que conferiram os estragos (almolgadelas ligeiras em ambas as viaturas), trocaram algumas palavras, cumprimentaram-se e ... cada um foi à sua vida.
Pensei para comigo que, se fosse em Portugal, vestiam-se os coletes, colocavam-se os triângulos à distância regulamentar, telefonava-se aos familiares mais próximos enquanto a GNR ou a PSP (ou mesmo ambos) compareciam, juntavam-se populares que iam "mandando uns bitaites", as autoridades mediam as distâncias com o "carrinho", preenchia-se a papelada dos seguros, da polícia, mais um telefonema ao amigo mediador do seguro ... e com tudo isto estava perdido um dia e trabalho e 1001 chatices para resolver
Bem ... mas isto agora não interessa para nada como diria uma conhecida apresentadora de TV
Depois de vencido o trânsito matinal de Meknès, tomámos o trajecto mais óbvio de quem queria ir para Norte: a N13 e depois a N2 já perto de Chefchaouen.
Estas importantes vias de comunicação marroquina são muito movimentadas. Nelas cruzámo-nos com dois numerosos grupos de motard's e muitos mais a "solo".
O dia estava meio "farrusco" e ameaçava mesmo chover ... contrastando com os que tínhamos desfrutado neste nosso tour, sempre quentes e limpos.
Toda esta região mais a norte de Marrocos tem um importante pendor agrícola, mercê do clima mais húmido.
Apesar da ainda incipiente mecanização é possível ver grandes áreas de trigo, em diferentes estados de maturação e que fazem das encostas e das planícies uns autênticos puzzles de curioso colorido.
Os vários controlos policiais por que íamos passando, apenas nos cumprimentavam e faziam mesmo parar o restante trânsito para a nossa passagem.
Curioso como, a partir do momento em que identificámos claramente os nossos destinos e pontos de passagem, não mais fomos "controlados".
E quando o fomos, os educados e polidos agentes desfizeram-se em desculpas pelo tempo que nos tinham feito perder.
Enquanto rolávamos para Norte, eram cada vez mais evidentes as diferenças na paisagem ... longe já estavam as montanhas e planícies áridas ... com as únicas manchas verdes a situarem-se nos estreitos vales humedecidos pelos exauridos cursos de água.
E os kms iam-se "fazendo"... uma passagem bem perto da bela "cidade azul" Chefchaouen que tínhamos conhecido o ano passado.
Passagem por Tétouan, a maior cidade do norte de Marrocos e donde derivam as mais importantes vias de comunicação para todo o Sul.
E em pouco tempo percorremos os cerca de 40 kms até à fronteira em Ceuta.
Eram cerca de 13:00 e estava um caos, um inferno !!! ... filas de kms de carros, furgonetas, ... todo o tipo de veículos carregados até mais não poder. Era sexta-feira e acho que a maior parte da população tinha decidido sair do país.
No entanto, a polícia, à nossa aproximação mandava-nos avançar, retirava barreiras da estrada, indicava-nos desvios, ... não sei se por todos envergarmos coletes verdes que conferiam uma imagem de "grupo" e não éramos apenas vários motociclistas ...
Como habitualmente eu e o João Machado recolhemos a documentação dos colegas e vamos tratar das formalidades ... eu sei ler e ele sabe escrever, ... fazemos uma boa dupla
O caos que se vivia na fronteira obrigou-nos a alguma "ginástica" ... lá conseguimos num contentor afastado da confusão falar com 2 oficiais de fronteira que procederam aos imprescindíveis "tamponer" dos documentos e há que pôr a caravana em marcha ...
Mesmo assim, 10 motos no meio daquele trânsito há horas parado não era fácil... e não foi. O Zé Carlos ficou para trás da "portagem" e a distância que sobrava entre a viatura que lá estava e o lancil não era suficiente para a mota passar ... pedi aos automobilistas da frente para avançarem 1 metro e um deles respondeu-me que já ali estava desde as 05:00 e agora os gajos das motas ...
Conclusão... eram já cerca das 15:00 quando finalmente saímos daquela confusão... rumámos ao cais de Ceuta para apanhar o ferry... que só era às 18:00 ... o que nos deu tempo para ir "comer uma bucha" num parque de estacionamento junto a uma praia de onde se avistava o porto.
Todos a bordo e desta vez com mar calmo ... o Jet Ceuta da FRS é fantástico... faz a viagem em pouco tempo o que nos convinha pois em Espanha ainda nos esperavam cerca de 100 kms até Chiclana de la Frontera, onde tínhamos alugado para todos uma fabulosa moradia ... piscina, churrasqueira que usámos para as nossas refeições, enorme pátio fechado onde as motas ficavam resguardadas ... não fazemos por menos
Bem... e no dia seguinte seria a ida até Jerez para dar cabo dos ouvidos !!!!