Neste terceiro dia de viagem, segunda-feira 1 de Maio, saímos de Oujda cerca das 08:30 quando os termómetros marcavam já 20º.
Não tínhamos destino certo mas queríamos chegar o mais a sul que conseguíssemos, ... a Merzouga se possível.
Não eram os pouco mais de 600 kms que nos assustavam mas o dia quente que se adivinhava e o "acumulado" já de cerca de 1.200 faziam com que os nossos cálculos e previsões fossem cautelosos.
O percurso que estava determinado, pela N 17 revelou-se acertado.
Trata-se duma via em boas condições, raríssimo trânsito pois toda aquela região tem densidade populacional pouco expressiva e tem rectas sem fim ...
Assim, as velocidades médias a que pudemos circular, manda o bom senso que não se publiquem
Curiosidade:
Contrariamente ao que tinha acontecido o ano passado em que apenas fomos "controlados" pela polícia uma única vez, desta vez mandaram-nos parar e identificar nos 2 primeiros dias ... descobrimos que a razão tinha sido o não informarmos nos "papéis" de entrada na fronteira qual o percurso que iríamos fazer.
Apenas dissemos que o destino era Merzouga ... mas fomos para Melilla, Nador, Oujda, ... primeiro, e a polícia queria saber "quem são, quantos são e para onde vão".
A partir do momento em que "descrevemos" o percurso que tínhamos intenção de fazer, os controles policiais (muitos) que fomos encontrando, faziam parar o trânsito para nos mandar avançar
Para quem não conhece Marrocos pode parecer estranho mas ... mesmo sem helicópteros, as autoridades sabem sempre onde estamos e quem somos.
Como tinha a responsabilidade de "fechar" o grupo, ser o "carro vassoura", apercebia-me que, quando chegávamos a um controlo éramos contados e depois comunicavam via rádio que tínhamos passado ... ficamos com uma sensação de segurança pois parece que todos sabem onde estamos e quem somos.
Toda esta parte é quase estéril, sem vegetação e as poucas construções pertencem aos militares, dada a sensibilidade que a fronteira com a Argélia sugere.
Assim, para além duns rebanhos, pastores e algumas tendas nómadas, nada mais existe que comprove a presença humana.
Marrocos é um país que tem investido no desenvolvimento das suas redes viárias e é raro não se encontrar um local que esteja em obras e/ou em construção.
As suas vilas e cidades têm sempre como cartão de apresentação largas avenidas, bem pavimentadas, com espaçosos passeios e iluminadas convenientemente.
Chegada a Ain Bni Matar onde se comeu uma "bucha"
Perto desta cidade existe uma central solar que é das maiores do mundo senão mesmo a maior.
Como habitualmente, num "tasco" com espaço alugado em troca do consumo dos cafés e chás para encerramento da refeição.
Abastecimento e distribuição de uns "souvenirs" aos mais pequenos que sempre se juntam movidos pela curiosidade das motas
De regresso à estrada prosseguimos pela N 17 ainda mais para sul para tomarmos a N10 em direcção a Mengoub e, depois, para a N13 e aí sim, para Merzouga, destino final deste dia.
A seguir a Arfoud, antes de Merzouga existe um dos pólos turísticos mais importantes de Marrocos: o Oásis Tafilalet
Este oásis é, em boa verdade, um conjunto de oásis situados nos leitos dos rios Ziz e Ghéris.
Muito conhecido pelas suas tâmaras grandes e deliciosas, toda a economia desta região gira em torno desta cultura.
Outrora teve importância relevante na Rota do Comércio do Sal pois era por ali que passavam as caravanas de mercadores que se cruzavam entre o norte e o sul. As especiarias, os tecidos e metais preciosos e o comércio de escravos oriundos do actual Sudão.
Curiosamente, perto de Merzouga há uma pequena aldeia (Ramlia ou Kamhlia) cujos habitantes descendem destes sudaneses que se distinguem facilmente dos marroquinos pela cor escura da sua pele, tipicamente africana.
Depois da obrigatória paragem para ver o oásis e tomar um chá, retomámos a viagem ainda mais para sul ...
Acompanhando, ainda durante alguns kilometros o oásis.
A estrada para Merzouga é, também ela, rodeada de terreno deserto ... já "cheira" a Sahara.
No entanto, apresenta já mais trânsito ... autocarros de turismo, colunas de jipes (alguns portugueses), vários companheiros motard's, ... a sua condição de atracção turística e a única estrada de acesso isso fazem acontecer.
A foto de grupo uns kms antes de Merzouga... e a chegada ao hotel de "última hora" .
Nas traseiras do hotel, que dava mesmo para as dunas, era esta a fantástica vista
E a jantarada "à maneira" com todo o grupo preparado para o serão cultural que se estava já a preparar ...
E, de forma mais ou menos improvisada, se fez um grupo etnográfico que misturava a misteriosa cultura berbere com as mais puras raízes minhotas.
E o dia acabou assim, em ambiente de festa ... para onde quer que vamos, há sempre "palhaçada" ...
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