Olá a todos:
Hoje não venho aqui escrever sobre motos ou piadolas baratas mas sim sobre a Ecopista do Dão.
Há dias, com um grupo de amigos "habituées" das voltas de bicicleta, decidimos ir percorrer a Ecopista do Dão e em boa hora o fizemos pois revelou-se uma surpresa fantástica.
Esta via situa-se na antiga linha do Ramal de Viseu que ligava Santa Comba Dão àquela cidade e começou a a ser construída em 1890.
Interrompido o serviço de mercadorias em 1972, foi totalmente desactivada em 1988 para o transporte ferroviário.
Atravessa os concelhos de Santa Comba Dão, Tondela e Viseu num total de quase 50 kms (49,214 kms) e resulta do esforço conjunto destas autarquias na sua reabilitação para espaço de lazer dos seus habitantes.
Bem ... Fomos de carro com as bikes até à estação de caminho-de-ferro de Santa Comba Dão e aí começámos o fabuloso percurso que nos iria tomar quase todo o dia.
O percurso inicia-se exactamente na estação e deve percorrer-se o seu cais até ao fim.
Aí, entra-se numa pequena vereda de terra batida que deve ter não mais de 250 mts chegando, aí sim, ao início da ecopista que está devidamente sinalizado.
A pista começa pintada e cor azul, correspondente ao concelho de Santa Comba... mais tarde passaria a verde quando chegámos ao concelho de Tondela e, em Viseu, a cor é vermelha.
E assim começou a lindíssima aventura de percorrer aquela pista com a sorte de ter connosco um dos mais bonitos dias de Outono deste ano, com sol brilhante e quente, com temperaturas agradáveis (10º - 22º) e com paisagens soberbas, pintadas com cores que só a natureza sabe conjugar para tornar a vegetação tão bonita.
O piso é bom, a pista está muito bem tratada e, na sua maior parte, ladeada por vedações de madeira.
Ao longo de todo o percurso, vamos passando pelas estações, apeadeiros, e passagens de nível que nos faziam recuar nas memórias do tempo, revivendo as viagens em comboios a vapor, em que as linhas eram sinal de azáfama pela quantidade de pessoas que trabalhavam nos caminhos-de-ferro.
Depois de passada a surpresa inicial pela beleza do percurso (e ainda só tínhamos iniciado o percurso ...) deparou-se-nos a ponte metálica sobre a albufeira da Aguieira ...
Atentem na beleza desta paisagem que nos rodeia, na sofisticada palete de cores com que está colorida ...
Mas não foi sempre por entre arvoredo colorido e/ou pequenos vales escavados para que o comboio ali passasse ... a pista também se abria e deixava que a paisagem se descobrisse, indo pela encosta sobranceira aos vales, ladeando a colina.
Na sua versão ascendente, de Santa Comba para Viseu, a linha passava por:
km 6 Treixedo;
km 9 Nagosela;
km 14,5 Tonda
km 16,5 Porto da Lage
km 20,5 Tondela
km 22,5 Naia
km 24,2 Casal do Rei
km 26,8 Sabugosa
km 29,8 Parada de Gonta
km 32,4 Farminhão
km 35 Várzea
km 36,5 Torredeita
km 38,2 Mosteirinho
km 41,o Figueiró
km 42,8 Travassós de Orgens
km 45,9 Tondelinha
km 47,6 Vildemoinhos
km 49,214 Viseu
Fizemos uma paragem entre Tondela e Naia (km 21 mais coisa menos coisa) para um "reabastecimento técnico" no restaurante Maçarouco que nos foi recomendado por uns trabalhadores que restauravam uma casa perto da pista.
Depois duma bifana e uma garrafa de branco, apalavrámos o almoço para as 13:45 (frango de churrasco e entrecosto) e demos novamente ao pedal.
E ainda bem que que "reabastecemos" pois esperava-nos a "Boa Acção do Dia" ...
E havia que continuar pois para Viseu faltavam ainda cerca de 25 kms ... e tínhamos encomendado o almoço para as 13:45... por esta altura pensava já que seria difícil cumprir aquele horário ...
A maior parte da pista estava coberta de folhas o que lhe conferia uma beleza ainda maior ...
Reparem que no concelho de Tondela, o piso é já de cor verde ... e as paisagens continuam lindíssimas.
Uma das muitas passagens de nível que cruzámos ...
Mais um aspecto da bela pista que nos estava a deliciar.
O grau de dificuldade para esta pista não é elevado ... arriscaria mesmo dizer que está ao alcance de qualquer pessoa minimamente preparada e sem problemas de saúde. No entanto, no sentido Viseu-Santa Comba "rola-se" melhor... de santa Comba para Viseu é sempre a subir embora de forma pouco acentuada.
Outra das muitas pontes que iríamos atravessar ... esta depois de Tondela e bem perto do apeadeiro de Naia, em ruínas, mas que terá sido um edifício de beleza que mereceria a sua conservação ...
E lá seguíamos nós em boa média (cerca de 18 kms/h) em direcção a Viseu, por esta altura ainda a cerca de 23 kms do destino.
A estação de Sabugosa.
Para os que estão a pensar fazer o mesmo que nós, podem estar tranquilos pois como já referi, a pista está bem tratada, há locais de "abastecimento" entre curtas distâncias, está bem sinalizada, ...
Neste caso, a placa indicava que faltavam 21 km para Viseu.
E aqui a chegada à estação de Parada de Gonta, onde eu e o João Machado esperámos pelos mais "lentos" depois duma verdadeira ratada na subida que antecede a chegada a esta estação.
E poucos metros após a estação, chegamos ao Túnel de Parada ... que deu um gozo percorrer ...
... e já no concelho de Viseu, na companhia duns "canitos" que por ali andavam a brincar
Uma paragem no viaduto por cima da A25
e a estação de Torredeita, onde está exposto material circulante da época:
- locomotiva
- vagão correio e mercadorias coberto
- carruagem de passageiros
- vagão descoberto
Esta locomotiva ainda em bom estado de conservação, pode subir-se e ver toda aquela tecnologia de "ponta de carvão" . Foi uma das 6 encomendadas a uma empresa alemã em 1890.
E já sem bateria na maquineta de filmar, foi com o telemóvel que se fez a foto de chegada a Viseu, ao local onde se situava a antiga estação do caminho-de-ferro, hoje um parque e avenida.
PS: faltam o António Rodrigues e o Ilídio porque se atrasaram bastante e havia que minimizar o atraso com que iríamos chegar ao restaurante.
O regresso fez-se em bom ritmo mas, surpreendentemente... parecia que também era a subir.
Quando íamos em direcção a Viseu comentávamos que, depois, era porreiro e tal porque era sempre a descer ... não sei o que se passou mas, certamente pela inclinação do eixo da Terra, a atracção dos pólos, o magnetismo das pulseiras do António Sala, ... qualquer fenómeno estranho fez com nos parecesse que, para baixo, também era a subir ...
De novo no Túnel da Parada
O mais que merecido almoço mas já uns minutos depois das 15:00 ...
E o dia aproximava-se do seu fim ... havia ainda que pedalar cerca de 25 kms e o sol iria por-se bem depressa ...
tempo ainda para pequenas paragens para as fotos costumeiras ...
enquanto esperava pelos companheiros ... fotografava a minha fiel montada ...
... "eize-os" finalmente: o António Rodrigues, o João Machado, o Fernando Narciso e o Ilídio Franco
De novo na ponte metálica sobre a albufeira da Aguieira ... agora com outras cores já a adivinhar o pôr-do-sol ...
e já na estação em Santa Comba, onde tinha ficado a viatura com a geringonça de transporte de bicicletas ...
Bem... para concluir... nada melhor que a foto do "computador de bordo" ...
105,34 kms de prazer, camaradagem e um regalo para a vista estas paisagens.
Grande aventura... grato aos companheiros de jornada.