terça-feira, 2 de abril de 2013

ELES COMEM TUDO ...




José Gomes Ferreira no telejornal:

Pivot:
 Porque é que o preço da luz e das comunicações  continua sem baixar apesar de ser um dos bens que a troika identificou como sendo inexplicavelmente caros em Portugal?

JGF:
Eu vou dar-te uma resposta que parece nada ter a ver com o assunto. Porque é que o preço da electricidade em Portugal é acima do preço que devia ser, porque é que o preço dos combustíveis é acima do que devia ser,  do gaz também das comissões bancárias e dos spread’s dos empréstimos, porque é que as telecomunicações também …?

Nós temos que ver quem é que beneficia com todo este mercado que está protegido e não funciona em livre concorrência em Portugal … todas as empresas quer praticam estes preços estão conjugadas com o sector financeiro. Acrescentemos aqui também as excessivas parcerias pagas nas concessões rodoviárias.

No caso da EDP e das empresas produtoras e distribuidoras de electricidade, os preços estão acima e todas as estatísticas o afirmam … e para além de venderam acima, ainda dizem que deveriam vendar ainda mais acima e criar uma coisa a que chamam défice tarifário, que já vai em 3.8000 ME. As empresas do sector já venderam esses créditos aos bancos  e são os bancos que vão receber esse dinheiro e nós estamos a pagar-lhes.

Nas estradas e nas concessões rodoviárias, a troika identificou e disse que havia rendas excessivas. Fomos estudar a estrutura e verificamos que no fim da linha está sempre o sector financeiro. Se as rendas não forem pagas às concessionárias, terão que ser pagas ao sector financeiro…

Enquanto o governo não disser que quem manda no país não são os banqueiros e os gestores de algumas empresas do PSI20, isto não muda nem pode mudar.

Tudo isto está identificado no primeiro relatório da troika sobre Portugal … não estou a inventar nada.
E disse mais, nos mercados de electricidade, combustíveis e outros, não adianta introduzir mais operadores para fomentar a concorrência, pois num mercado de 10 milhões de habitantes, os novos operadores colam-se ao preço mais elevado e por aí ficam. Não podemos ser ingénuos pois tem que ser precisamente o contrário, isto é, tabelar de acordo com as médias europeias e obrigar os operadores a vender os bens/serviços por aquele preço.

Pivot:
Mas isso não viola a lei da concorrência?

JGF:
Pois viola. Supostamente uma lei que devia servir para defender os consumidores, torna-se no seu principal obstáculo.
E o caso é de tal forma grave que no mercado de liberalização da electricidade, foi introduzido um mecanismo  que é o seguinte:
Todos os consumidores até 2015 têm que sair… são obrigados a sair. E para sair, a ERSE combinou com o Governo que vai aumentar, de 3 em 3 meses, os preços e há um senhor, que é o representante da associação de empresas produtoras de electricidade que já disse que, o mercado está a cair mas as empresas fizeram os seus investimentos e o retorno tem que ser o mesmo, por isso o preço tem que subir.

Isto foi dito publicamente e ninguém o contestou … é tudo uma grande hipocrisia.

O sector fechou-se sobre si para manter os lucros, a troika identificou o problema e em vez de liberalizar o governo só tem um caminho que é dizer: meus senhores, este é o preço de referência, se quiserem podem vender abaixo !!!.

Ninguém tem coragem e só vai ser possível quando a opinião pública, em vez de andarmos todos a discutir se o estado se endividou muito … temos que afirmar, nós portugueses estamos a pagar muito, demasiado mesmo, para uns sectores que não sentem a crise, que continuam a cobrar como se não houvesse crise … e o país não pode assistir a isto sem nada fazer.

O Sr. António Borges, economista liberal conhecido, disse há dias: Andamos todos a proteger os grandes grupos, vivem juntinhos com o estado e isto já vem do tempo do Salazar e está cada vez pior.

E quando se discute que o governo precisa de ser remodelado, há sempre uma figura na primeira linha das dispensas: Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia.
E sabes porquê?
Porque ele tem uma equipa que tem vindo a questionar toda esta situação e os grupos económicos querem pô-lo a andar !!! … e esta é a verdadeira história.


1 comentário:

  1. Há que fazer umas grandes fogueiras e colocar a arder uns cavacos, uns coelhos, uns filosofos, uns soares, e por aí além

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