José Gomes Ferreira no
telejornal:
Pivot:
Porque é que o preço da luz e das
comunicações continua sem baixar apesar
de ser um dos bens que a troika identificou como sendo inexplicavelmente caros
em Portugal?
JGF:
Eu vou dar-te uma resposta que
parece nada ter a ver com o assunto. Porque é que o preço da electricidade em Portugal
é acima do preço que devia ser, porque é que o preço dos combustíveis é acima
do que devia ser, do gaz também das
comissões bancárias e dos spread’s dos empréstimos, porque é que as
telecomunicações também …?
Nós temos que ver quem é que
beneficia com todo este mercado que está protegido e não funciona em livre
concorrência em Portugal … todas as empresas quer praticam estes preços estão
conjugadas com o sector financeiro. Acrescentemos aqui também as excessivas
parcerias pagas nas concessões rodoviárias.
No caso da EDP e das empresas
produtoras e distribuidoras de electricidade, os preços estão acima e todas as
estatísticas o afirmam … e para além de venderam acima, ainda dizem que
deveriam vendar ainda mais acima e criar uma coisa a que chamam défice
tarifário, que já vai em 3.8000 ME. As empresas do sector já venderam esses
créditos aos bancos e são os bancos que
vão receber esse dinheiro e nós estamos a pagar-lhes.
Nas estradas e nas concessões
rodoviárias, a troika identificou e disse que havia rendas excessivas. Fomos
estudar a estrutura e verificamos que no fim da linha está sempre o sector
financeiro. Se as rendas não forem pagas às concessionárias, terão que ser
pagas ao sector financeiro…
Enquanto o governo não disser que
quem manda no país não são os banqueiros e os gestores de algumas empresas do
PSI20, isto não muda nem pode mudar.
Tudo isto está identificado no
primeiro relatório da troika sobre Portugal … não estou a inventar nada.
E disse mais, nos mercados de
electricidade, combustíveis e outros, não adianta introduzir mais operadores
para fomentar a concorrência, pois num mercado de 10 milhões de habitantes, os
novos operadores colam-se ao preço mais elevado e por aí ficam. Não podemos ser
ingénuos pois tem que ser precisamente o contrário, isto é, tabelar de acordo
com as médias europeias e obrigar os operadores a vender os bens/serviços por
aquele preço.
Pivot:
Mas isso não viola a lei da
concorrência?
JGF:
Pois viola. Supostamente uma lei
que devia servir para defender os consumidores, torna-se no seu principal
obstáculo.
E o caso é de tal forma grave que
no mercado de liberalização da electricidade, foi introduzido um mecanismo que é o seguinte:
Todos os consumidores até 2015
têm que sair… são obrigados a sair. E para sair, a ERSE combinou com o Governo
que vai aumentar, de 3 em 3 meses, os preços e há um senhor, que é o
representante da associação de empresas produtoras de electricidade que já disse
que, o mercado está a cair mas as empresas fizeram os seus investimentos e o
retorno tem que ser o mesmo, por isso o preço tem que subir.
Isto foi dito publicamente e
ninguém o contestou … é tudo uma grande hipocrisia.
O sector fechou-se sobre si para
manter os lucros, a troika identificou o problema e em vez de liberalizar o
governo só tem um caminho que é dizer: meus senhores, este é o preço de
referência, se quiserem podem vender abaixo !!!.
Ninguém tem coragem e só vai ser
possível quando a opinião pública, em vez de andarmos todos a discutir se o
estado se endividou muito … temos que afirmar, nós portugueses estamos a pagar
muito, demasiado mesmo, para uns sectores que não sentem a crise, que continuam
a cobrar como se não houvesse crise … e o país não pode assistir a isto sem
nada fazer.
O Sr. António Borges, economista liberal
conhecido, disse há dias: Andamos todos a proteger os grandes grupos, vivem
juntinhos com o estado e isto já vem do tempo do Salazar e está cada vez pior.
E quando se discute que o governo
precisa de ser remodelado, há sempre uma figura na primeira linha das
dispensas: Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia.
E sabes porquê?
Porque ele tem uma equipa que tem
vindo a questionar toda esta situação e os grupos económicos querem pô-lo a
andar !!! … e esta é a verdadeira história.
Há que fazer umas grandes fogueiras e colocar a arder uns cavacos, uns coelhos, uns filosofos, uns soares, e por aí além
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