É mundialmente conhecida a habilidade tipicamente portuguesa para o "desenrascanço" palavra, aliás, que não encontra significado em nenhum dos dicionários e traduções disponíveis.
Há variadíssimos exemplos de "desenrascanço" e bastaria, por exemplo, espiolhar um pouco a vida dos nossos políticos antes e depois da respectiva actividade partidária e/ou governativa, para conferir que, de facto, o "desenrascanço" é uma actividade que deveria já constar até como profissão de desgaste rápido nas coberturas das apólices das Cºs de Seguros. ... mas adiante que este blogue é para coisas sérias e não quero que os meus leitores percam tempo com pormenores que nada acrescentariam às já suas miseráveis vidas.
Trago-vos ao conhecimento uma história que li no Expresso e que ilustra bem, em minha opinião, uma das facetas do "desenrascanço", esta com laivos de humor e de criatividade.
Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das colinas de Lisboa que cumpria essa condição.
No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela.
Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra.
Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra.
O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa.
No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema.
Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada.
Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada.
O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML,solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela.
Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela.
E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela! [....]
Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela.
E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela! [....]
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