1854 - 1900
Nas férias de 2011, tive oportunidade de reler alguns dos clássicos de Eça de Queiroz (Os Maias, As Farpas, A Ilustre Casa de Ramires, o Crime do Padre Amaro) e adquiri mesmo algumas outras obras por ter redescoberto o quão fascinante era a escrita deste prestigiado autor (A Correspondência de Fradique Mendes, A Relíquia, Contos, A Cidade e as Serras, o Primo Basílio, ...).
Para além do fascínio que a escrita bem elaborada e descritiva como só a sua pena o conseguia, o autor tem um espírito crítico assertivo e tão actual que, se não atentássemos nas datas de publicação, poderíamos supor que se tratavam de escritos contemporâneos e absolutamente actuais.
Deixo-vos aqui um pequeno exemplo dum excerto duma publicação sua no Distrito de Évora, periódico de que foi director e que atesta a actualidade do tema:
Ordinariamente, todos os políticos são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas.
Porém, são nulos a resolver crises.
Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA.
É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e por corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?
Eça de Queiroz, 1867 in Distrito de Évora
Termino com uma célebre citação do mesmo autor em "O Conde de Abranhos":
"Este governo não cairá porque não é um edifício. Sairá com benzina porque é uma nódoa"
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