quinta-feira, 1 de setembro de 2011

FESTAS DO POVO EM CAMPO MAIOR


DIA BEM ESCOLHIDO ...

daaaaaasssssse !!!!!

Bem... foi tudo apenas uma questão de dedução lógica, senão vejamos:
Nunca fui às Festas do Povo a Campo Maior + Disseram na TV que há já 7 anos que se não realizavam + é incerto quando e se se voltarão a realizar + tinha ainda uns dias “a crédito” nas férias – não sei se quando se voltarem a realizar cá estou, então ….
Está decidido !!!! ….Pego na moto e vou às festas do Povo a Campo Maior.

E primeiro procurei saber algumas coisas sobre o lugar que iria visitar … uma das “manias” que tenho e que me permite, grande parte das vezes, “dar uma” de intelectual impressionando quem comigo vai pelas coisas que sou capaz de dizer sobre os locais que visitamos... nada de mais, apenas trabalho de casa !!!
E fiquei a saber, por exemplo, que em Campo Maior existem vestígios romanos o que indica ter sido um povoado daquela conhecida civilização ... mais tarde ocupado pelos Mouros que também deixaram alguns testemunhos da sua presença.


Aqui, nesta foto, uma abóbada romana duma divisão dentro do castelo,
 ele maioritariamente medieval mas com alguns aspectos àrabes


Uma das entradas do castelo ...

A entrada anterior vista do lado de dentro


O pelourinho existente na parte central do castelo e que data de 1146 ..
O que não sabia e foi surpresa é que Campo Maior era terra de Leão e Castela, sendo já nessa condição um povoado importante pois foi o Rei Afonso X que lhe concedeu esse foral, em 1255.

Pelo tratado de Alcanizes, em 1297, entre Portugal (D. Dinis) e Leão e Castela (D.Fernando IV), Campo Maior, juntamente com Olivença e Oguela, passam a fazer parte de Portugal ….

O castelo de Campo Maior foi importante em várias épocas, desde a reconquista cristã à Guerra Peninsular, mais conhecida pelas invasões francesas ….


Nesta placa, comemorativa do I Centenário da Guerra Peninsular, evoca-se a valentia das gentes de Campo Maior, resistindo aos franceses e, embora capitulando, dando tempo suficiente para que as tropas luso-britânicas se organizassem sob o comando do Marechal Beresford e reconquistassem a vila


Bem, deixemo-nos de histórias …

 

O tempo não estava grande coisa mas, pelo menos não chovia quando saí de casa ... apesar de ter chovido bastante de noite

Saí hoje de manhã de casa pelas 8:30 mais coisa menos coisa, com botas calçadas e o fato de chuva na mala pois as previsões não eram nada, mas mesmo nada animadoras …


Depois do "cafézinho da manhã" no Moleirinho ...
sítio obrigatório antes de começar qualquer viagem ...
Ao fim de cerca de 20 kms, quando abasteci em Penela, e apesar do meu tradicional optimismo, resolvi tirar o fato de chuva da mala e vesti-lo por cima do gore-tex … sim, porque apesar deste ser impermeável, com a chuva acaba por ficar ensopado e pesado … para além de que se suja bastante com os detritos que os veículos que circulam à nossa frente, projectam.


Aqui já preparado para "ela" ....
 Mota atestada e, pelas 9:00, aí vou eu pela EN 110 até ao cruzamento do Pontão, onde apanho o IC 8 em direcção ao interior, Figueiró dos Vinhos, Proença-a-Nova, Sertã, … a partir de Proença, ui ui,....começa a cair àgua que nem vos conto....

Mais uma estúpida exigência da Troika concerteza, reduzir também o numero de dias de Verão … e começou já no 1º dia de Setembro … chiça !!!

Bem, sempre com chuva intensa, lá fui percorrendo o IC8, parte dele com piso bastante degradado embora esteja a ser repavimentado nalgumas zonas, mas cujas obras dificultam também e causam incómodos ao tráfego desta estrada, pois tratando-se da mais importante via de comunicação da zona centro, do interior para o litoral, é percorrida por muitos camiões que vêm da fronteira do Caia e das zonas de Castelo Branco e Portalegre.


Cheguei à A23 sem problemas e percorri os cerca de 15 kms até à saída para o IP2 sempre debaixo de chuva intensa e que não permitia grandes velocidades … acabei mesmo por parar na àrea de serviço de V.V.Ródão para ver se “a coisa” melhorava ….


Aqui, na barragem do Fratel ... no rio Tejo

Recomecei a marcha sem que as condições tivessem ficado melhores e, em pouco tempo, cheguei a Portalegre que, apesar de ter passado a seu lado inúmeras vezes, não conheço …. talvez para a próxima.

Tomei a direcção Arronches pela N246, sempre debaixo de chuva intensa e ia já a pensar no que iria encontrar em Campo Maior … com toda aquela chuva e a que tinha dasabado durante a noite … que “raio” de pontaria em ter escolhido este dia ….

Fiz os cerca de 50 kms que distam de Portalegre a Campo Maior a uma velocidade de cerca de 90 kms/hora pois, apesar do trânsito não ser muito intenso nem impedisse velocidades mais elevadas, a chuva e até as fracas condições de visibilidade, aconselhavam alguma prudência.

E cheguei a Campo Maior cerca das 11:00 …

A cerca de 3 ou 4 kms já se viam muitas placas de “estacionamento proibido”, “sujeito a reboque”, “proibido estacionar” … imagino nos fins de semana e com tempo bom, a quantidade de pessoas que lá se deslocam … alguém me disse que no passado domingo estavam la´estacionados mais de 400 autocarros ….

Vários agentes da autoridade a regular o escasso trânsito existente e a maior parte dos parques de estacionamento nos arredores da vila estavam desocupados … de facto, o tempo não convidava a “ir à festa” …


 Arranjei um “cantinho para a moto no recinto da Escola Primária ainda debaixo do telheiro … o que foi óptimo pois pude abrir malas, tirar coisas, arranjar a máquina fotográfica, arrumar capacete,... sem estar á chuva … que continuava, sem piedade ou respeito pelos turistas, a cair abundantemente.

E comecei a visita, ... fato de chuva vestido que felizmente tem “carapuço” (os tipos da Quechua pensam em tudo....eheheheh) e lá me fiz às ruas sem qualquer sentido de orientação ou propósito … assim “a modos que ao calhas” …



Só dava mesmo para andar vestido desta maneira ....


Mais uma das 64 ruas enfeitadas com muito trabalho e orgulho de todos os Campomaiorenses
Fui vendo algumas ruas procurando não perder o sentido de orientação e fui-me apercebendo, junto dos locais, do sentimento de desolação e consternação pelo que a chuva tinha tirado de beleza a todo aquele trabalho …. as ruas, embora ainda conservando algum do seu esplendor e colorido, estavam com a sua decoração “desalinhada” … o papel molhado fica mais pesado e faz com que os enfeites percam algum do seu encanto.


A chuva estragou muito toda aquela beleza... as cores debotadas pela àgua viam-se nas calçadas ....
Apesar desse sentimento de tristeza pelo trabalho perdido, ouvi de muitas pessoas a expressão “o povo já tá em casa a trabalhar e a fazer mais flores...vocês vão ver.. no sábado já tá tudo bonito outra vez” … que vontade perante uma adversidade que, à maioria das pessoas, causaria o baixar de braços e … “que se lixe!!!”….


A àgua tingida pelas cores que debotavam do papel


Aqui, na minha mão, umas gotas de àgua que escorriam das flores...



Nem para tirar fotos o tempo estava convidativo,...cada vez que tirava a máquina do bolso ficava sempre com a sensação de “já não voltas a funcionar depois desta molha” … ainda bem que a única coisa que falhou foi a bateria que não aguentou o tempo que eu precisaria …



Nos arranjos florais mais sofisticados, os populares cobriram-nos com plásticos para os salvaguardarem da chuva ... autêntico bordados, trabalhos de ourivesaria mesmo alguns ...





Esta foi a decoração de que mais gostei ...
imitava uma latada com videiras e respectivas uvas... lindo !!!!


Pois bem, depois de mais umas fotos, mais umas voltas pelas ruas (64 ruas enfeitadas este ano !!!!) entrei num pequeno café/bar seduzido pela ementa que estava exposta: Canja e Bacalhau dourado …

“Afinfei-lhe” com 2 pratos de canja e uma fatia de melão, seguido do habitual cafézinho para aquecer a alma que, até essa, estava húmida, e volto novamente “a estrada”, perdão, à rua ….





Cá estou eu "de volta"da canja ...
 vê-se a gola da t-shirt molhada..apesar do fato impermeável ...


Aqui no "tasco" com um vaso de flores de papel que fizeram para enfeite da montra ..


Uma outra perspectiva ... closer



Os bacanos do "tasco" ....

Vai para cima, volta pela direita, desce pela esquerda,... passa na mesma praça outra vez, entra ne mesma rua mas em sentido diferente … ai que falta me fazia um mapa da vila … mas onde é que estes tipos têm o “turismo”?.... não adiantava seguir o som da rádio local que transmitia algumas pequenas entrevistas com turistas de ocasião e lançava apelos de gente perdida, .. pois as colunas estavam dispersas pelas ruas e só baralhavam ….





Esta simpática e bonita artesã trabalhava num espaço junto á entrada do castelo ... e estas eram algumas das suas criações ... lindas obras de arte em papel ... eu, que nem um embrulho sei fazer direito até me sinto envergonhado ....

Quando me dispus a encontrar o caminho de volta (o que pensei ser improvável mas, pelo menos, conseguir seguir algum outro que me levasse ao sítio pretendido...), eis que dou comigo no jardim municipal e, afinal, onde tudo acontecia.... era o Rádio, era o Posto de Turismo e Informações, eram as barraquinhas disto e daquilo , …. ai ai...este sentido de orientação precisa duma afinação …



Aqui a praça principal junto ao jardim municipal ....
é mais ou menos o mesmo em todo o lado !!!

Depois de encontrada a moto, lá me preparei para a viagem de regresso que tinha programado fazer pelo mesmo trajecto … em sentido inverso ...daaaaaa!!!

Arronches, Portalegre, onde atestei com 13 lts de “gasosa” o que me fez procurar, mentalmente, calcular a média de consumo … ora bem, 13 lts (chove c'mó catano!!!) … x “X” kms, manos o meu peso ( quase 90 kgs... sim, sei que tenho ir pró ginásio..os meus amigos dizem-me que as personal trainners fazem milagres ..não sei bem a quê mas fazem....), ..ora, que s elixe a média...queria era que parasse de chover isso sim …

Ao passar Portalegre, disse para com os meus botoões que, desta vez, não iria entrar na A23 e procurar uma estrada alternativa que me levasse ao IC8 … pois bem, acabei por lá ir dar na mesma... e eu que já me dá “seca” andar nas AE's..deve ser da idade ou o caraças … e tive mesmo que fazer aqueles kms em AE até poder virar para o litoral pelo IC 8 … tenho que estar com mais atenção para a próxima e procurar no mapa se há alternativa..deve haver concerteza... então antes de existir a A23 como é que o pessoal fazia?



Huuum ... acho que já descobri .,. prá próxima  já sei !!!!

Bem, à medida que ir percorrendo os cerca de 90 kms da A23 até à N110 que me levaria a Condeixa e depois pelo IC2 até casa, o tempo ia dando ligeiros sinais de melhoria... de quando em vez chovia menos ate´que deixou memso de chover …. ufa.!!!..que bom …

Parei perto de Proença-a-Nova num cafézinho onde, para além de aconchegar o estômago com um bolinho (não digo qual .. sim, era do grandes....) e um sumo, depois de ter despido o fato de chuva, estiquei as pernas durante uns minutos....

Fiz-me ao caminho novamente pensando que, se tudo corresse normalmente, deveria apanhar chuva logo mais a seguir pois tinha despido o respectivo fato e, não tardaria nada a … exactamente!!!...adivinharam!!!!....

Começou a chover … estou a pensar em abrir uma empresa de regas agrícolas em países de clima seco … bastará dar umas curvas de moto com o fato de chuva vestido, tirá-lo, voltar à estrada e … SARAN !!!! … aí está ela, a chuva !!!!

Pois bem... não o voltei a vestir e pouco depois registaram-se visíveis melhorias, mesmo com alguns troços de estrada seca.... aind abem.. já estava farto de chuva.

E sem sobressaltos cheguei a casa … roupa despida, luvas a secar, botas a enxugar, …. e toca de ir para o computador escrever a crónica … ou melhor, as crónicas..... já explico !!!!

Cerca de uma hora depois de ter chegado a casa, o tempo voltou a piorar … chuva e trovoada, sim, daquela a sério...com relâmpagos e trovões... alguns mesmo daqueles que “amandam a luz abaixo” … e pró pessoal que tem a mania que se entusiasma a escrever e nem vai guardando o texto … fónix !!!!… já é a 3ª crónica e nenhuma é igual á outra …. e não tenho a certeza se esta era a melhor mas, dadas as circunstâncias, é a única que se arranja....
... e "prontos" ... vitória vitória, acabou-se a "estória ...

Todas as (molhadas) fotos aqui

3 comentários:

  1. uuuuuhhhhh!!!! Como diria o outro : "em duas palavras...im-pressionante!"

    Num dia horroroso de chuva, a comer o pão q os "bacanos do tasco" amassaram, ainda assim me sinto inevjosa desta viagem com previsão de paragem na sra da asneira! Mto bom!!

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  2. Uma correção, não eram 64 ruas mas sim 104 ruas.

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  3. Tem razão... peço desculpa a todos os meus leitores mas o ter a cebça tapada com o capuz do "kispo" pela chuva que caía, o sotaque alentejano da voz nos altifalantes nas ruas que me fez confundir 64 com 104 ... lamentável o lapso de facto.
    Obg pela correcção.
    João Rui Pimentel

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