AVENTURA NA NEVE - A história envergonhada ... e nunca contada

AVENTURA NA NEVE – A história envergonhada e nunca contada !!!!

Em 2009, desafiado pelos amigos Fernando e Teresa Baio, simpáticos proprietários da empresa de piscinas ANAJÔ ( publicidade gratuita de que  arranjarei forma de cobrar alguma coisinha …) comecei a considerar a possibilidade de “ir á neve” … as datas eram compatíveis com os calendários escolares dos meus filhos, eu tinha ainda uns dias de férias marcados para Dezembro que podia alterar e a Lena, com alguma dificuldade, mas poderia “dar um jeito” na Farmácia Castro e Silva (mais uma publicidade gratuita, mas desta vez sem saber como hei-de receber “algum”….)…

E assim foi,... marcaram-se as coisas, o que ficou a cargo da sempre disponível Teresa, e tudo ficou agendado para os dias 28/12/2009 (segunda feira) a 3 de Janeiro de 2010 (domingo), para o Hotel Azureva, em Egat-Font Romeu, belíssima estância nos Pirinéus Orientais Franceses, bem perto da fronteira com Espanha e Andorra.

Nesta região encontram-se algumas das mais badaladas estâncias de neve (Candanchú, Astún, Baqueira, Formigal, Soldeu, Tarter, Pas de La Casa, Grau Roig,…) e está situada numa zona de reservas naturais de belezas dificilmente descritíveis … Vallée D’Eyne, Mantet, Jujoils,….

Pois bem … saímos de Portugal no dia 26 de Dezembro, cerca das 6:00, depois de “despacharmos” umas broinhas e uns bolo-rei no dia anterior, e seguimos pelo IP3 até à A25, Vilar Formoso, Salamanca, Valadollid, Burgos, Saragoça… até Lérida, perto de Barcelona, onde pernoitámos de 26 para 27 de Dezembro, já com mais de 1.000 kms “no pêlo”….

Nesta foto o Fernando Baio e eu próprio quando nos preparávamos

 para dar ao bigode na estrada para Lérida

A despensa ....

A ementa que levámos de casa, restos das ceias de Natal .....

No dia seguinte de manhã prosseguimos a viagem e fizemos os cerca de 230 kms que faltavam até Font Romeu sem problemas …

Um aspecto da estrada de Lérida a Font Romeu,

 já nos Pirinéus embora ainda no lado espanhol

Outra perspectiva ...

Nesta foto a Lena, o João e a Teresa Baio

Aqui a Joana e o mano João

Quando chegámos não consegui subir a estrada que nos levava ao Hotel Azureva, apesar de com pouca inclinação, pois os pneus da Mégane teimavam em escorregar na neve e no gelo ….

O Fernando não tinha problemas pois o seu jipe tinha levado de vencida a subida sem dificuldades …

Experimentei de frente, de marcha-atrás, inclinado prá esquerda, desviado prá direita,… com os miúdos sentados no capot do carro, …. Só faltou ter experimentado de lado ….


Estou, para quem apenas começou a ler agora, a falar dum problema que tive ao subir uma rampa gelada e com neve,… as “posições” a que me refiro são as que estava a experimentar com o carro, note-se !!!!

Finalmente, o Fernando tomou nas suas mãos o volante do Mégane e conseguiu subir até ao parque de estacionamento do hotel sem grandes chatices … o que lhe valeu uma salva de palmas e a mim uma enorme vaia acompanhada de “buuuuussss”….


"Hei-de vingar-me quando estiver a conduzir, ao fim de “muitas horas de volante” e toda a gente estiver a dormir …. “prego-lhes um cagaço” ou com uma travagem brusca ou uma vigorosa guinadela de direcção … hão-de ver…."

O Hotel AZUREVA em Egat - Font Romeu .... estupendo, com refeições self-service...bom mesmo para o pessoal que gosta de se empanturrar ... ehehehehhe

Aqui um aspecto do bar do hotel...simpático e sempre com grande animação à noite

O hotel era já conhecido dos meus amigos e não houve surpresas quanto ao mesmo.


Fomos escolher o material para alugar (skis, bastões e botas) pois a única coisa que tinha comprado foram os fatos …. Para os miúdos … o meu e o da Lena eram emprestados pelo Fernando e pela Teresa …. E o meu fato era á “consignação”, i.e., seria meu se eu conseguisse esquiar !!! … o que se afigurava uma tarefa ciclópica pois nunca tinha feito tal coisa na vida….

O mais próximo que estive perto disso foi escorregar em cima de sacos de plástico na Serra da Estrela ….

Por tudo isso, “alugámos” uma instrutora (Aurellie) que falava bem o português (tinha estado no Brasil) e era simpática,  para além de bonita como poderão ver na foto.

Ó pra eles com a instrutora ... eu sou o que estou mais longe...

por causa das coisas....

A Joana, o João e a Lena

Em frente à Escola de Sky Francesa onde trabalhava a Aurellie

Aqui a familia Baio, o Fernando, a Teresa e a Kiki e a Joana

Desisti de ser "acompanhado ao final da primeira manhã …

Não valia a pena atrasar toda a gente por minha causa .....
Os Baios e as gémeas Kiki e Joana já todos sabiam esquiar, os meus filhos como todos os miúdos daquelas idades adaptam-se aos esquis sem problemas porque já têm os pés grandes (o meu João nem sei porque gastei dinheiro a alugar esquis… calça o 45 e podia muito bem descer as pistas só com as botas…)… eu e a Lena estávamos mais temerosos.

Nesta foto a preparação do material ....

A Lena foi ler e tomar uns cacauzinhos quentes para o bar-restaurante da estância onde se estava muito confortável

A Lena toda preparada pró cafézinho ... e o ski que se lixe ....eheheheh

 e eu, fui experimentar dar “uns passos” com os esquis para a PISTA BAMBI ….

Eu próprio aqui a preparar-me para a pista Bambi ...

Pista Bambi? … sim, era a pista dos bebés, dos putos de 4, 5 e 6 anos acompanhados pelos pais e/ou treinadores ….

Aqui eu ainda estava todo feliz da vida..as dificuldades não tinham começado ...

Era uma pequena pista com quase nenhuma inclinação onde os pequenitos se iniciavam na dificílima arte de esquiar como mais tarde pude comprovar e onde um pequeno tapete rolante nos levava ao seu ponto mais alto, que distava cerca de 30 mts….

Imaginem a dificuldade que eu tinha em me colocar neste tapete rolante logo depois de ter ultrapassado dois dificílimos obstáculos que pensei serem os piores: calçar as botas e equilibrar-me em cima dos esquis….

Puro engano … o pior estava para vir !!!!

Ao mesmo tempo que tudo isto se passava, já a Aurellie, os Baios e os meus filhos, andavam lá por cima na montanha, subindo pelos tele-skis ou pelas tele-sierges e descendo pelas pistas verdes e azuis, os dois primeiros graus de dificuldade… e eu cá em baixo, procurando manter-me na vertical em cima dos dois esquis e treinando o meu francês, especialmente a palavra “attention” sempre que, de forma involuntária, ganhava algum balanço que me levava para sítios longe, indesejáveis e inusitadamente sempre cheios de gente que teimava em não se afastar, não se apercebendo que vinha aí algo que não tinha travões …

Algumas dessas pessoas sorriam, outros ajudavam-me a levantar e outros ainda, com ares superiores de quem anda por lá há muito tempo e se julga veterano do ski, olhavam desdenhosamente para mim … valeu-me muitas vezes o “ushanka”, gorro do exército russo que comprei em Budapeste ….e algumas palavras ininteligíveis que proferia nessas alturas, o que os fazia pensar que era um estranho espécime do leste europeu … talvez assim se compadecessem da minha evidente inabilidade para esquiar…

Á noite no hotel e ao jantar, o serão era preenchido com o relato das peripécias do dia … “que tinham ido lá para cima e coiso e tal, e as pistas azuis blá blá blá, ..e a Aurellie disse que já podíamos ir descer uma pista vermelha sem problemas…” ….


... Eu, fazendo um enorme esforço, mantinha-me calado e concentrado em, debaixo da mesa, com as pernas e os joelhos em estranhíssimas posições, tentar reproduzir os gestos técnicos que os instrutores dos pequenitos lhes ensinavam … nunca mais era domingo para regressar e fazer alguma coisa que me colocasse em pé de igualdade com eles ... que sentimento de ostracização…. Ehehehhee

Na manhã de quarta feira,  com uma coragem matinal nunca antes por mim sentida, eis que digo a todos, de forma muito solene, que iria subir no tele-ski e provar-lhes que conseguiria descer uma pista verde, pelo menos, sem problemas… toda a gente olhou para mim com ar incrédulo e desconfiado, olhando de soslaio para a minha caneca do pequeno almoço, procurando restos de genebra, vodka ou qualquer vestígio de pó dum  alucinogéneo que estivesse disfarçado no café com leite …

Depois de lhes explicar que me sentia confiante por ter descido a pista bambi com um grupo de miúdos a cerca de 10 kms/hora, curvando e travando sem dificuldades, todos me felicitaram … piscando os olhos uns aos outros do que me apercebi sem nada ter referido.

A única condição que impus foi que o fizesse só, devendo eles esperar por mim cá bem em baixo, mesmo no fundo da pista onde o meu feito seria comprovado e devidamente certificado …

Assim foi, deixei que todos subissem com a Aurellie para mais uma vertiginosa descida por uma daquelas pistas malucas por onde andavam e, com muitas e lentas cautelas, acerquei-me duma fila de pessoas que pretendiam apanhar as tele-sierges para subir …


... esta escolha pelas tele-sierges não foi ao acaso pois já me tinha apercebido que os tele-skis eram sítios perigosos … pelos meus cálculos, apenas cerca de 60% dos seus utilizadores chegam ao cimo… ficando pelo caminho pelas mais variadas razões … eu próprio contribuiria mais tarde para o avolumar desta estatística.

Só que as tele-sierges não eram menos perigosas que os tele-ski ,… chegavam até  a ser bem mais perigosas pois, imaginem o seguinte:

Depois de ter estado numa fila com dezenas de pessoas, todas calçadas com esquis que se cruzam e se sobrepõem uns nos outros….onde avançar uns metros é um verdadeiro suplicio, … se chega a uma curva, local de subida para um conjunto de cadeiras que viaja preso a um cabo de aço, e onde, em fracções de segundo têm que ser ocupadas pelos 4 “maganos” que conseguiram lá chegar …. !!!!

… é o sitio mais perigoso das estâncias de ski certamente… os esquis “ensarilhados” uns nos outros, a fatal queda de um de nós que faz parar todo o circuito e que faz rosnar todos os que já estavam em viagem pelos milhares de metros de cabo de aço e faz desatar à gargalhada todos os que ainda não iniciaram a viagem …

(Tenho que experimentar os tele-skis…. Parecem-me, afinal mais fáceis de manobrar e talvez não sejam tão perigosos e, se cair, estou mais perto do chão …)

Depois de nos conseguirmos sentar, temos alguns minutos de descanso a pensar no quão perigosa que vai ser a chegada … a mesma curva, desta vez sem nenhum assistente que pare toda aquela engrenagem maquiavélica, qual aparelho de tortura medieval, … mais uma queda ao chegar e consegui parar amparado por cerca de 4 ou 5 braços que, amavelmente, me seguraram antes de ir “parar ao outro lado” …


Explico:
Saí embalado da cadeira onde vinha sentado com mais os 3 companheiros de viagem e, não fora a ajuda já referida, não teria conseguido parar sem começar novamente a descer por uma perigosa pista vermelha que se situava mesmo em frente ao “apeadeiro” de chegada … ainda há boa gente neste mundo felizmente !!!

Estava em Galinéra, a 2.127 mts

Ora bem, pensei eu que, lá em cima, seria apenas tomar o caminho de regresso por uma pista verde, simpática, pouco inclinada e frequentada por gente cheia de boas intenções, prestável e amável …

A primeira surpresa foi descobrir que, “lá em cima”, era um pequeno planalto onde vinham terminar mais 4 ou 5 linhas de tele-skis e tele-sierges … a segunda foi que, desde lá de cima, partiam algumas 8 ou 9 pistas. Todas elas com cores e nomes diferentes e, coisa estranhíssima achei no momento, destinos diferentes …. Pensava eu que era só subir, descia e estava no mesmo sítio …. Ainda bem que me recordava do nome do sitio onde tinha subido: Les Airelles. Desde que não me esquecesse, estava tudo bem …

O pior e que reservei para o fim para não vos assustar ao ler esta crónica, era o denso nevoeiro que se fazia sentir em toda aquela montanha e que permitia ver apenas alguns metros á frente do nariz….

Depois de percorrer o pequeno planalto primeiro em busca duma pista verde, depois uma verde que indicasse les Airelles (ainda não me tinha esquecido do nome com o nervoso miudinho …) encontrei uma que me pareceu simpática, pouco inclinada, quase plana mesmo, tendo decidido “é esta…pronto...e seja o que Deus quiser”.

Vinha muito feliz com os primeiros 20 mts pois a pista era larga, estava só e isso permitia-me estar à-vontade mesmo com alguma azelhice que pudesse vir a cometer … ehehehe….
“isto afinal até nem é difícil, desde que consiga melhorar as entradas nas cadeiras…é só mesmo isso que tenho que treinar…” pensava eu com os meus botões …

O nevoeiro continuava muito intenso e comecei, de repente, a pensar que talvez, nos vários cruzamentos com outras pistas, me pudesse perder por não conseguir vislumbrar as placas de sinalização …

Ora !!!, tranquilizei-me eu, se eu descer, hei-de ir dar ao sopé da montanha e, o pior que pode acontecer, é ter de alugar um táxi e pedir para me levar ao hotel … não adiantava nada ligar a alguém a dizer que estava perdido pois se me perguntassem “onde está?” eu responderia que se soubesse não pedia ajuda … ora essa !!!!

Talvez cerca de 300 mts percorridos e começam a passar por mim uns “ganda malucos” a 100 á hora, com perigosas tangentes aos meus braços, esquis e restante corpo, fazendo-me abanar com a deslocação do ar e eu pensando “este pessoal é doido!!! … a uma velocidade destas numa pista frequentada por miúdos e “velhos” inexperientes …”


…. Apercebi-me logo a seguir quando o movimento de esquiadores passou a ser mais complicado e veloz …. Estava numa pista vermelha !!!... ai meu Deus … tinha-me de certeza enganado num dos vários cruzamentos por onde passei … eu bem que tinha desconfiado da inclinação daquela pista … huuum….

Vi-me deveras “enrascado” garanto-vos … no meio da pista, sem triângulo de sinalização, sem ter quatro piscas para assinalar a minha presença, … encomendei a alma a Deus e esperei por algum atropelamento que me livrasse de toda aquela agonia e que acabasse com todo aquele sofrimento… só pedia que fosse rápido e indolor.

Encostei-me a uma berma o mais rápido que pude e, no primeiro cruzamento que encontrei saí …. Ufa !!!! … que alívio …. Finalmente um sitio calmo … e plano!!!!!, que era o mais importante … continuei só por mais cerca de 100 mts e, surpresa das surpresas … vim dar a um largo enorme, com muitas dezenas de esquiadores em fila para umas tele-sierges que subiam !!! .. subiam ????... sim, subiam…. Mas eu queria era descer …. E agora, que faço????....

A única hipótese que tinha era prosseguir pois estava já muita gente atrás de mim …e os malditos esquis não me deixavam sequer manobrar de jeito em frente quanto mais para o lado e para trás….
Perguntei ao assistente “pour Les Airelles s'il vous plait"” … mecânicamente fez-me um gesto indicando a subida … “merdre”, pensei eu em francês, coisa que eu nem sabia que se podia fazer, pensar numa língua estrangeira, "se eu quero ir lá para baixo este tipo manda-me subir, estou feito !!!!" …

Assim, fiz, confirmando com um casal que me ajudou a subir para a tele-sierge que, para Les Airelles, devia subir até ao Roc de La Calme a 2.213 mts  (nome estranho para um sujeito que estava tudo menos calmo…) e, aí, apanhar uma das muitas pistas para descer…bastaria que não me enganasse depois a escolher o caminho certo …. Ia-me dando uma coisa !!!!!!


Olhei para o céu em busca do helicóptero que por vezes passava por ali, creio que em filmagens…. Talvez se me estendesse deitado na pista, em local visível, eles avisassem a Protecção Civil, os Pompiéres, o Steven Seagal, o Silvester Stalone, até mesmo a GNR me pareceu eficaz e competente naquele momento… ou alguém que me pudesse dali tirar com a promessa que, de futuro, neve só mesmo a de spray das àrvores de natal ….

O esquema das pistas ....  confuso e perigoso...pelo menos para mim

O casal simpático acompanhou-me misericordiosamente até um cruzamento indicando-me a direcção que deveria seguir até Les Airelles, seguindo eles para Pradeilles, aos 1.937 mts, e descendo para Aveillans aos 1.712, subindo novamente para … claro que não quis ir com eles … coisa que, em desespero, cheguei a pensar fazer… iria com eles até chegar a noite e, quando se fossem embora, apanhava um táxi para o hotel ….

E aventurei-me de novo e só por aquela pista que, apesar de branca, se me afigurava negra de perspectivas e esperança … de quando em vez alguém passava por mim em grande velocidade, gritando para que me desviasse … eu já estava por tudo, a simples de ideia de ser atropelado e partir um membro já me agradava … que diabo… nem era assim tão mau … alguém telefonaria e haveria de ir numa daquelas motoretas com lagartas até uma ambulância e daí ao hospital… passaria o resto da semana no hotel, a beber cacau quente, a ler, etc…

Felizmente que “nos entretantos” o nevoeiro dissipou-se e debaixo dum céu imensamente azul e dum sol radioso que fazia brilhar a neve que deslizava vagarosamente por baixo dos meus esquis, fui descendo a pista que, supostamente me levaria a Galinéra a 2.127 mts onde, daí, poderia finalmente descer até  Les Airelles aos 1.964 mts e onde tudo acabaria esperava eu ….

Bem..depois de imenso tempo, vários desequilibrios e consequentes quedas, nem faço ideia quantas,  lá me encontrei em Les Airelles com toda a gente ansiosa e na expectativa do meu regresso ….

Ao jantar era felicitado por todos e, simbolicamente, o fato de neve foi-me entregue pelo Fernando Baio cuja promessa cumpriu …

De repente, deixei de me sentir um inexperiente marine nas selva do Camboja para ser um famoso esquiador que tinha acabado de realizar mais um glorioso feito só ao alcance dos predestinados … estava no meu elemento, o elogio, a elevada auto-estima, o inchadíssimo ego …. Ehehehheheh

De tal maneira que adormecer custou … ainda estava na minha retina a imagem dos Baios e dos meus filhos a aguardarem-me com uma salva de palmas … era o maior !!!!

Amanhã veriam do que era capaz … iria surpreendê-los ainda mais …

Quinta-feira decidi subir com eles … não o deveria fazer pois acabei por atrapalhar toda a comitiva… cair sozinho é uma coisa, cair acompanhado é outra,… para mais quando se é o causador da queda colectiva … não é coisa bonita de se ver realmente… e quando se faz parar todo o teleférico pior ainda ….

Quando finalmente conseguimos subir, a Aurellie decidiu levar-nos a descer desta vez não por uma pista mas por neve “virgem” … por pequenos atalhos entre os bosques  que rodeiam as pistas ou, se quiserem, pelos bosques que as pistas cruzam.

Pareceu fácil a princípio … era tudo muito divertido, o contornar os arbustos em velocidade moderada, a neve fofa nunca antes pisada, …
...até que a velocidade foi aumentando e os arbustos transformaram-se em perigosos conjuntos arbóreos, com robustos ramos e espinhos,... os pequenos declives que faziam dar-nos um leve salto nos esquis tornaram-se perigosas armadilhas que mais pareciam poços de ar e que nos faziam desequilibrar … as elegantes e sinuosas curvas em redor de frondosas árvores passaram, de repente, a perigosíssimas mudanças de direcção que faziam desequilibrar e tombar o mais cuidadoso dos esquiadores …. O pesadelo voltou, estava lá, bem presente e vivo !!! … e desta vez não estava só… tinha uma plateia de Baios, filhos e instrutora a avaliarem cada movimento meu, …. Já não lhes bastava que me conseguisse manter em pé em cima dos esquis, teria que o fazer de forma desenvolta e elegante, qual bailarino duma companhia russa … era demais !!! …não aguentei e nada dado a essas mariquices de bailados e merdas assim… deixei-me cair, gargalhando de forma estridente e bem sonora para que todos pensassem que era genuína a vontade e que, se quisesse, poderia prosseguir acompanhando-os e até, ultrapassá-los sem dificuldade …

Convenci-os que estava um pouco cansado e que preferia descer por uma pista e que patati patatá, …. E assim foi …. Regressei a Les Airelles por uma pista verdinha que estava ali mesmo á mão … uma vitória ter chegado lá abaixo apenas com 2 ou 3 quedas…todas elas quando me preparava para descansar um pouco… o que me fez chegar á conclusão que a segunda categoria de sítios mais perigosos nas estâncias de esqui são os locais de paragem … em movimento ainda me ia aguentando mas, quando queria parar, o sentido do equilíbrio desligava e … (recordam-se ainda que os sítios mais perigosos são os pontos de entrada nas tele-sierges ou nos tele-skis?).

Mais comentários favoráveis á minha performance durante o serão e que me fizeram colocar a possibilidade de, no dia seguinte, voltar ás pistas … não há duvidas de que o meu alimento preferido são mesmo os elogios….rssssss


E como era noite de passagem de ano  !!!!! .... todos se aperaltaram á maneira ...

Ó pra ela .... a Lena

E estas madames ... Fabienne (uma amiga francesa) e Teresa

Monsieur Fernando Baio

Monsieur Fernando Baio e Joana

Aqui na mesa de refeição da passagem de ano a assistir ao espectáculo

Os filhos da Fabienne e o namorado...já não "malembro" do nome ...

Outra perspectiva ...

Joana

Kiki

Sexta-Feira

Já estava confiante nas minhas capacidades quando de manhã comecei a preparar-me. Como habitualmente, o autocarro partia do hotel cerca das 8:00 para Les Airelles, onde as pistas abriam, e os teleféricos começavam a funcionar creio que ás 9:30 ….

Nesse dia fui dos primeiros a subir até Gallinéra onde tomei uma pista, ainda sem qualquer movimento e desci por ela sendo o primeiro desse dia … como tinha nevado de noite, foi uma sensação inesquecível ser o primeiro a ter aquela virgem … pista.

Mais tarde acompanhei o resto da rapaziada e aventurei-me até numa pista preta, descendo até aos Pyrenées 2000, voltando a subir no teleférico, descendo novamente para Aveillans pela azul … algum do trajecto por uma preta que me fez aumentar as pulsações… nada de mais para um “grande coração” como o meu.

Nesta foto, todo o grupo de amigos ...

Aqui, eu próprio, a esforçar-me por não cair por ter os skis enfiados nas botas (ou o contrário...), amparado pelo casal de amigos francês

No dia de sábado pouco há a contar, tendo passado o dia a consolidar os conhecimentos (e alguns ossos …) de esquiagem ….

Domingo, dia 3 de Janeiro, dia de regresso, desta vez num só dia porque o calendário escolar assim obrigava. E lá fizemos os cerca de 1.200 kms, desta vez por Madrid, um pouco mais a sul do que a viagem inicial, com tempo bom que sempre nos acompanhou.

Em resumo, experiência muito divertida e que gostaria de um dia repetir …


Gostaram?..querem mais?... ehehhehe