quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

HOJE DE TARDE...


Fui á escola dos meus filhos “buscar as notas” … é isto que se costuma chamar à pequena reunião que os directores de turma fazem com os encarregados de educação para lhes comunicarem a avaliação dos seus educandos, naquele período.

A Joana teve umas notas de acordo com aquilo que já esperávamos … não trabalha o suficiente e o pouco que ouve nas aulas, entre as distracções , murmúrios, e o “bichanar aos ouvidos” dos colegas, … não é o suficiente para ter boas classificações nas disciplinas que frequenta.
Duas “negas” … dois 8’s a FQ e Biologia …
Fiquei danado embora não fosse, de todo, uma surpresa.
Agradeci á prof a paciência que tem tido com ela e, a única coisa que me serviu de consolo, foi saber que se comporta civilizadamente e é educada para os docentes e restantes funcionários …

Com a prof do João … vim de lá chateadíssimo !!!
Um 20, dois 19’s, três 18’s, … e a prof a insistir “parabéns pelo filho que têm, é um exemplo de aluno, não só academicamente mas também pelos valores e inciativas, sempre disponível para …”
Balbuciava uns “muito obrigado” enquanto lhe estendia a mão para me ir embora por não estar bem … e ela insistia “aluno do quadro de honra com todo o mérito, uma referência para colegas e professores, participativo de forma assertiva …” e eu a afastar-me porque, … não me sentia mesmo nada bem.


A cada palavra que ouvia da Dir. Turma uma martelada de humilhação e remorso me tolhia o raciocínio e me incapacitava para dizer o que quer que fosse, … apenas os “muito obrigado” me saíam mecanicamente, de forma automática, impessoais e sem qualquer expressão, sentimento, cor, textura ou densidade, … secos e frios, gelados …




Apenas me recordava ainda da porcaria do jogo de voleibol em que, de forma nada civilizada, "rústica" mesmo, fui incorrecto e injusto para com ele, meu filho, e com os colegas … chamando-lhes nabos, azelhas, totós, … quando o que era de mim esperado, no mínimo, seriam palavras de apreço e encorajamento por, além de serem bons alunos e excelentes filhos, conseguirem também ser atletas brilhantes por tudo o que já conquistaram e tendo em conta o amadorismo de todos eles e as horas de treino a que se podem dedicar e em que fortemente se empenham ….
Assim, por cada elogio que a prof dava ao João, era como que se uma bofetada duma mão invisível me atingisse e me dissesse:  “Foste um injusto e merecias ser agora castigado …”


 
Dei comigo na viagem de volta a agradecer a “alguém” por o castigo não ter sido real e a comprometer-me comigo mesmo e com os meus ainda fiéis anjos da guarda a procurar ser melhor, ... (sim, sei que a maior parte deles desistiu já de me acompanhar e os que o fazem, talvez pelas suas crónicas mudez e surdez , são os mais resilientes e heroicos resistentes) porque, se fosse eu, há muito que teria dito:
JÁ NÃO HÁ PACIÊNCIA PARA ATURAR ESTE GAJO.
Que merda !!! … pode ser que o Natal ajude isto a passar mas que está a ser difícil está ..

1 comentário:

  1. Muitas vezes, vezes demais talvez, magoamos os que amamos...por isso mesmo, porque os amamos e queremos o melhor para eles. O teu filho sabe isso, que as palavras menos adequadas que possas ter dito foram porque querias que se dessem bem no jogo e o ganhassem. Ele já te perdoou, perdoa-te a ti próprio também e aprende a controlar-te...conta até alguns milhões, morde a língua, sei lá... Beijinhos.

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