O Metro Mondego nunca viu a luz do dia, mas da empresa pública que gere o projecto saíram cerca de 100 mil euros para o pagamento de despesas pessoais de ex-administradores. É o que se conclui no inquérito-crime aberto pelo Ministério Público.
O jornal Público teve acesso a esse processo, mais especificamente ao relatório final da investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) a seis ex-administradores da Metro Mondego que estão indiciados por crimes de administração danosa, peculato e participação económica em negócio.
De acordo com o documento, “cartões de crédito da empresa pública pagaram despesas pessoais e responsáveis duplicaram estudos e custos”.
Os factos remontam aos anos de 2004 a 2010 e implicados estão ainda dois anteriores presidentes e quatro antigos vogais executivos da Metro Mondego.
O Público refere que “um dos administradores usou o cartão de crédito, que lhe tido sido distribuído pela empresa para despesas inerentes ao cargo, para gastar 72 mil euros em jogos de computador, perfumes, artigos de decoração, estadias em hotéis, compras no supermercado, vinho, material de surf e até para pagar serviços numa empresa organizadora de eventos, especializada em festas infantis”.
O responsável terá sido “avisado” de que estavam em causa despesas pessoais, mas, “apesar da advertência, continuou a usar o cartão para o mesmo tipo de pagamentos”.
O diário nota também que “parte da despesa foi paga através de cash advance, ou seja, o administrador levantou 17 mil euros com o cartão de crédito onerando a empresa com uma taxa de 5% de juro”.
Outro administrador terá usado um dos cartões da empresa, em Dezembro de 2005, para pagar a conta de 139 euros no bar de striptease Elefante Branco, em Lisboa.
Dois administradores acabaram por devolver parte do dinheiro gasto vários anos depois de abandonarem os cargos.
Outro ponto relevado na investigação é o facto de, em 2010, terem sido encomendados dois estudos a duas firmas privadas com o intuito de analisarem ambas os custos operacionais da Sociedade Metro Mondego, pagando se respectivamente 60 mil euros e 55 mil euros.
“O convite à segunda empresa para a realização do estudo acontece quando a primeira empresa ainda estava a elaborar o relatório final”, refere-se no relatório da PJ citado pelo Público.
Já em 2011, o Tribunal de Contas tinha feito duros reparos à gestão da Metro Mondego, notando designadamente o excessivo aumento dos custos, “tendo passado de uma estimativa de 112,8 milhões de euros, em Abril de 1997, para 512 milhões de euros, em Janeiro de 2011″.
O Metro Mondego, cuja empresa gestora nasceu em 1996, nunca saiu do papel, apesar dos milhões gastos. Em termos concretos, o projecto limitou-se à demolição de alguns edifícios na Baixa de Coimbra e à eliminação das linhas de comboio do Ramal da Lousã, o que originou grande indignação nos locais.
ZAP
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