quarta-feira, 24 de junho de 2015

(MAIS UMA DO) ACORDO ORTOGRÁFICO



 No outro dia, ouvi o Malaca Casteleiro dizer que o Acordo Ortográfico em que trabalhou incansavelmente ao longo de anos e anos teve por objectivo uniformizar a língua entre todos os países de expressão portuguesa.

   - Assim sendo, os brasileiros têm rabo ou somos nós que vamos passar a ter bunda?

   - E as senhoras, as de cá passarão a usar calcinha ou são as de lá que usarão cuecas?

   - De fato eles vestem fato ou nós, de facto, de futuro envergaremos terno?

   - O governo de cá rouba-nos a grana ou é o de lá que lhes sonega o carcanhol?

   - Passamos a ir à lanchonete ou são eles que vão ao café?

  -  Vamos beber um bagaço à tasca ou uma cachaça ao boteco?

   - E o tipo que defende a baliza, é para eles guarda-redes ou, para nós, será goleiro?

   - E como nos passaremos a mover? Nós de trem, ônibus, bonde, ou eles de comboio, autocarro, eléctrico?

   - Esperamos pelo transporte na parada ou continuaremos a fazê-lo na paragem?

   - Respeitamos a bicha na paragem ou antes a fila na parada?

   - E aquele gajo porreiro, de pêra, que vai a sair da esquadra. Vamos ter que dizer que é um cara legal, de cavanhaque, a sair da delegacia?

   - Se quisermos agrafar um relatório, recorreremos a um grampeador ou a um agrafador?

   - E se o nosso fito é afiar um lápis, agarramos num apontador ou num apara-lápis?

   - Fomos à privada e não usámos a descarga ou fomos à retrete e não puxámos o autoclismo?

   E por aqui, pela merda, me fico. Em castelo. À Casteleiro. Em bom português, do único, porque merda é merda, aqui ou no Brasil.


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