sábado, 14 de junho de 2014

CHUC COVÕES HOTEL & SPA (PARTE II)


Há dias publiquei uma pequena reflexão sobre o Hospital dos Covões (CHUC COVÕES) escrevendo que, nalguns locais, não deveria apenas existir Livro de Reclamações mas também um livro de Elogios.

As reclamações, como a maioria de nós sabe, são fruto dum estado de insatisfação que, com razão ou sem ela, revelam o desagrado dos seus autores e que no “livro amarelo” a expõem.

Os elogios, esses, não são assim tão fáceis de declarar … as pessoas sentem-se satisfeitas e pronto ! ...  achamos que o elogio é desnecessário pois admitimos, interior e inconscientemente, que é obrigação das pessoas fazerem o que fazem e, se o fizeram bem … é para isso que “lá estão”.

Trabalhei numa grande empresa em que os cêntimos eram, literalmente, contados, e o dia-a-dia se fazia com gráficos e tabelas, taxas e índices, produtividade e médias, …
Talvez se justificasse que assim fosse pois as empresas da área financeira são muito sensíveis a todas essas variáveis e o seu dia-a-dia é preenchido com a sua elaboração e análise.

No entanto, noutras empresas/instituições, essas variáveis alcançam uma exagerada importância que não deveriam ter, pois o seu “objecto social” não é uma qualquer actividade lucrativa como, no exemplo que aqui trago, os hospitais e outras unidades de saúde.

No Hospital dos Covões, onde tenho passado muitos dias destes últimos meses, procurando acompanhar a minha esposa na sua doença, não pude deixar de constatar o esforço que os seus profissionais fazem para contornar as dificuldades orçamentais.

Se o consumo de gaze está acima da média, o número de dias de internamento do doente X está a ultrapassar todos os limites estatísticos, os litros de soro disponíveis em stock não estão em mínimo como dizem os bons manuais de economia … estas minudências não deveriam fazer parte das preocupações dos profissionais de saúde.

Por isso, tem acrescido mérito a resiliência e perseverança com que enfrentam o seu dia-a-dia.

Se por um lado, têm que “contar os tostões” e racionar os comprimidos, por outro, têm que garantir condições de conforto e dispensar aos doentes o melhor que a “ciência dos homens” produz.

O profissionalismo da sua grande maioria, vai muito para além das técnicas que aprenderam nas escolas de saúde, do “picar” sem dor, de encontrar uma veia boa para dar um injectável, de prescrever ou determinar terapêuticas … e eu tive o privilégio de perceber e sentir isso durante os momentos do seu internamento.

Há uma dimensão humana que consegue estar a um nível superior de todas estas dificuldades e que acrescenta ao seu profissionalismo técnico uma componente de sentimentos que não se mede em “números”. Só quem vive e sente “isto”, consegue perceber que, realmente, o cinzentismo dos algarismos não pode nunca ser a primeira variável de análise e, até, de classificação e composição de rankings.

Trata-se aqui da exaltação da capacidade dos profissionais de saúde em manter o seu comportamento profissional acima das “mesquinhices” dos euros.

Infelizmente, os conhecimentos e as técnicas do Homem não foram suficientes para que a minha esposa conseguisse sobreviver mas, enquanto o conseguiu, teve o carinho e conforto que lhe foi proporcionado por todos eles, minimizando o inevitável.

Quer no hospital de dia de quimioterapia, das urgências, … até ao internamento, foi sempre acolhida com carinho e incontáveis “mimos”.

Dizer apenas OBRIGADO a todos eles é manifestamente insuficiente … mas não encontro outra palavra que tão bem expresse e que contenha todo o meu apreço e gratidão por serem tão “profissionais”.

Ficarão para sempre guardados no cantinho do meu coração reservado para as pessoas de bem.

OBRIGADO



2 comentários:

  1. De louvar o reconhecimento do esforço dos profissionais. Mas o conhecido "Livro Amarelo" não se destina apenas a apresentar Reclamações. Ele tem por missão
    dar voz ao Utente do SNS , melhorando o atendimento e a prestação de cuidados aos Cidadãos com base nas suas sugestões, elogios e reclamações. E todas elas são registadas no Sistema SIM-Cidadão - Sistema de Informação e Monitorização das Reclamações dos Utentes do Serviço Nacional de Saúde.

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    1. Caro Anónimo(a):
      Obg pelo seu comentário e informação.
      Utilizarei o referido "Livro Amarelo" para deixar o elogio.
      Cumprimentos.
      João Rui Pimentel

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