"Conheces o Gerês?"
"Conheço"
"Huuummm... mas não conheces o Gerês e o Xurês por onde eu te vou levar. Arranja a tua mala"
E foi assim !
Aproveitando os escapes ainda estarem quentes da viagem por Espanha, "desafiei" a minha estimada pendura para mais uns dias de viagem.
Tinha 3 dias disponíveis e, quem conhece (bem) o Gerês, sabe quem nem esse tempo é suficiente para o ficar a conhecer como deve ser...
Começámos por Caminha...a intenção era atravessar no ferry santa Rita de Cássia mas, por azar, chegámos quando este estava a atracar e, por causa da maré baixa, só pelas 16:00 voltaria a navegar.
Deixámos cair a ida ao Monte de Santa Tegra e percorremos os cerca de 30 kms pela N13 até Valença.
Uma breve volta pelas muralhas e atravessámos o Rio Minho para Tuy onde aproveitámos para uma visita à lindíssima catedral e almoçar... ainda tínhamos os "gostos" habituados a Espanha.
Vista de Valença obtida dos jardins da Catedral de Tuy
E o destino seguinte era Melgaço mas, porque já "fiz" várias vezes a "nacional portuguesa", dei uma olhada para o mapa e decidimos que, desta vez, iríamos pela "nacional galega"..
E em boa hora o decidimos pois a estrada é lindíssima (tal como a do lado de cá) e deu um enorme gozo percorrer.
Uma pequena paragem em Melgaço, na sua praça central, debaixo dumas frondosas árvores que proporcionavam fresco e sombra onde nos refrescámos com uma "buída"...
e prosseguimos depois por estradas municipais até Castro Laboreiro.
Não conhecia e, quando passava perto estava sempre apressado ... calhou desta vez, propositadamente
Castro Laboreiro é talvez a mais emblemática aldeia do Parque da Peneda Gerês. O facto de ter estado isolada durante muito tempo, faz com que tenha características comunitárias únicas.
Está situada a mais de mil metros de altitude e os seus castrejos defenderam e conservaram os seus costume e tradições aproveitando o seu isolamento.
O Rio Laboreiro, os seus conhecidos cães de raça, os seus montes e o seu património de que destaco a belíssima igreja, são razões mais que suficientes para visitar esta aldeia.
E o destino seguinte era o Santuário da Peneda onde iríamos pernoitar no charmoso Hotel da Peneda.
Por entre encostas verdes e íngremes, ora rolando como que pendurados nas estradas que as rodeiam ora descendo aos seus vales mais profundos, íamo-nos deliciando com o "trânsito" que nos interrompia o percurso com a sua curiosidade.
Trovejou durante a noite e a manhã apresentava-se com algumas nuvens que também ameaçavam desabar em água ... fizémos mesmo "render" o pequeno-almoço para que a chuva parasse.
Prosseguimos até ao Lindoso e depois pela CM 1348 para Germil.
Por estradas onde Deus Nosso Senhor nem seu filho Jesus nunca passaram nem certamente tiveram coragem de mandar os seus apóstolos, ...
Fomos percorrendo o belo Parque Nacional da Peneda Gerês, aqui e ali detidos por alguns residentes que, pachorrentamente, nos observavam ...
Como podem ver, as estradas "deste" Gerês são assim ...
E até o A380 ficou na foto... quem sabe... um destes dias posso querer pô-lo no OLX e esta é uma bela foto
... e depois para Brufe onde iríamos almoçar n' O ABOCANHADO, famosíssimo restaurante pelas suas ementas, exclusividade e... preço ... mas que vale a pena sem dúvida.
O local é lindo, o restaurante fantástico e as vistas... fabulosas !!!
Não aceita moedas mas exige umas carícias ...
Da varanda do restaurante ... a paisagem é belíssima... tal como os modelos
Era tempo de prosseguirmos até à Barragem de Vilarinho das Furnas, aldeia que ficou submersa e que, quando a cota da barragem está mais baixa, se pode visitar.
da Barragem de Vilarinho das Furnas, seguimos pela N307 com destino ao Campo do Gerês mas, antes do parque de campismo de Cerdeira, há um estradão que atravessa a mata de Albergaria e percorre a margem da albufeira que é simplesmente ... sei lá !!!... é lindo !!!
Parte do seu percurso é a antiga estrada romana que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga, na província de Leon em Espanha)
Há nesta estrada a curiosidade de lá ter existido uma antiga "pedreira" de marcos miliários.
Nas alterações da crosta terreste ocorridas há cerca de 70 milhões de anos, formaram-se os afloramentos donde os romanos extraiam a pedra para fazer os seus marcos miliários.
esta estrada é lindíssima, convida ao andamento relaxado e percorre toda a Mata de Albergaria até encontrar a N-308 para a fronteira da Portela do Homem.
Um pouco antes da fronteira pode encontrar-se a Cascata com o mesmo nome e muito procurada pelos veraneantes e turistas para um refrescante banho nas suas águas frias e límpidas.
Atravessando a fronteira, eis-nos no Xurês onde visitámos Lobios, uma pequena vila termal conhecida pelas suas águas quentes... quentes mesmo, não são só mornas.
A sua praia fluvial estava muito frequentada e maioritariamente por portugueses
Bem... o dia aproximava-se do seu fim e o alojamento estava marcado para o Hotel de São Bento da Porta Aberta ... que distava de Lobios cerca de 40 kms.
Pois bem ... "não sei o que me deu" como diz a canção e pus no GPS "São Bento da Porta Aberta"... o primeiro que me apareceu foi "São Bento da Porta Aberta Paredes de Coura".... e vruuummmm por ali fora ... quase 80 kms depois vi que estava equivocado ...
Não havia hotel nenhum e voltámos para o São Bento da Porta Aberta certo...
sabia lá eu que há dois São Bento da Porta Aberta ????
Chegámos ao Hotel eram já cerca das 18:00 e fomos tratar de arrumar as coisas para então dar uma volta e jantar.
Foto do Hotel obtida depois de jantar e cuja iluminação, em conjunto com a do santuário em frente, conferia àquele frondoso vale um cenário digno de postal turístico.
Foto do Hotel obtida depois de jantar e cuja iluminação, em conjunto com a do santuário em frente, conferia àquele frondoso vale um cenário digno de postal turístico.
A igreja está sempre mesmo de porta aberta o que pude confirmar pois o quarto era mesmo defronte a ela.
Na manhã seguinte, retomámos o caminho... desta vez já de regresso ...
Atravessámos o Rio Cávado em Entre-Ambos-os-Rios e acompanhámos o seu percurso pela N 304 durante alguns kms.
A marina de Entre-Ambos-os-Rios
Póvoa de Lanhoso, Guimarães, Entre-os-Rios, Castelo de Paiva ...
Na zona da serra de Arouca foi com imensa tristeza que percorremos várias dezenas de kilómetros entre floresta queimada ...
Há alguns anos que não fazia aquela estrada (M 505) que atravessa toda a serra e recordava-me dela com o verde e o cheiro característico daquela floresta...
Depois de descermos ao famosos Passadiços do Paiva, uma vez mais com uma parte destruída, uma paragem em Alvarenga para almoçar e descansar um pouco nos bancos do seu jardim aproveitando ainda para conversar com alguns dos seus residentes que mantinham bem vivo o desespero provocado pelos incêndios recentes.
... dali até Castro Daire pela N225 (outra estrada fantástica mesmo !!!! ), Viseu e... casa !!!! depois de 3 dias de vadiagem
Bom, resumindo ... mais coisa menos coisa outros 1.000 kms a contar prá revisão do A380, revisitei o Gerês e o Xurês tendo oportunidade de passar por alguns recantos e estradas que não conhecia e o enorme gozo de fazer kms com a minha pendura que, mais dia menos dia, tira a carta e vai ela a conduzir e eu a fazer as fotos.
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