quinta-feira, 7 de maio de 2015

PELO ALÉM TEJO (I)

1º DIA

DE CERNACHE A MOURA, COM VISITAS À FOZ DO COBRÃO, CASTELO DE VIDE, MARVÃO E ÉVORA MONTE


Dia 1 de Maio, sexta-feira e feriado que faziam com que o fim-de-semana fosse mais comprido o que importava aproveitar.

"Se o tempo der vou de mota" tinha eu pensado há já uns dias ... o que queria, realmente dizer "se estiver bom tempo é melhor porque vou de mota" 

E a manhã não estava nada boa ... 

Chuviscava, estava algo fresco ... e a viagem programada era de cerca de 400 kms mas, nada como um café no Moleirinho, lugar habitual de partida para os passeios, em grupo ou "a solo" para despertar e estimular os sentidos.

O destino era Moura e estava "pensado" fazer o IC8, seguir pela parte gratuita da A23 até à saída para Portalegre, ... e "coiso e tal" ...

Mas, quem me conhece, sabe que tenho um "velho problema comigo" ... não sou de confiança quando se trata de planear percursos ... à primeira placa castanha que vejo ... é uma desgraça 

A meio do IC já tinha abandonado a ideia de ir pela A23, trocando-a por Vila Velha de Ródão e Nisa... o problema foi que, antes, puseram lá uma placa castanha onde escreveram FOZ DO COBRÃO... travagem a fundo e a pendura ia passando por cima de mim  ... 

Virar à esquerda e percorro cerca de 5 kms de estrada lindíssima até à aldeia que estava indicada na sinalização.

E dei com isto !!!! 






Liiiiinda  a paisagem ... mais do que a aldeia que era suposto ser mais uma das belíssimas aldeias de xisto que por aquelas serranias existem, a paisagem era enriquecida pelo Rio Ocreza que aparecia dum profundo vale e, por momentos descansava numa represa onde alguns locais pescavam.

Um dos atractivos daquele lugar, é a formação geológica chamada Portas de Almourão. Trata-se duma curiosidade geológica com milhares de anos, "construída" pelo Rio Ocreza que provoca a erosão naquele lugar.





Ficou "em carteira" para um próxima passeio d'OS LESMAS .

Bom, e depois queria ir para Vila Velha de Ródão mas cumprindo uma velha regra minha: não passar pelo mesmo local duas vezes...a não ser que não existam alternativas.

E foi o que fiz ... prossegui por uma pequena estrada sem ter a mínima ideia onde iria dar... apenas sabia que me estava a dirigir para Norte e, curiosamente, o meu destino de final de dia, era para Sul ... mas tudo bem... só mapas, no top-case, tenho 3 ou 4 

Fui parar a um miradouro espectacular ... a estudar alternativas de percurso.




Milagre !!! ... fui de novo dar à N3 que tinha deixado uns kms atrás quando vi a "placa castanha" ... porreiro ... agora era só ir para Vila Velha de Ródão.




por uma estrada que, se nos distraímos a apreciar a paisagem ... lá se vão os plásticos.

E num instante Vila Velha de Ródão ali estava... com o seu ex-libris mais conhecido mesmo a jeito para ser fotografado da ponte da N18 para Nisa




Não, não é "postal", é mesmo uma foto !!! 

E a estrada para Nisa, que já não fazia há algum tempo, surpreende-me sempre ...



Boas curvas ...


Excelente piso ... e paisagem verde com que agora o Além Tejo gratifica quem o visita

Uma pequena voltinha no centro histórico de Nisa  e e novo estávamos na estrada.

O destino era 





e mesmo à entrada de Castelo de Vide, a maldição das "placas castanhas" voltou a atacar ... desta vez uma que tinha escrito Sra da Penha.

Estrada um bocado "manhosa" mas nada que uma todo-o-terreno KLT não vença facilmente. 

E a paisagem, vista daquele monte sobranceiro a Castelo de Vide é soberba.


Como fica num ponto mais alto do que a vila muralhada, tem-se uma perspectiva muito mais abrangente de todo o local.

Mas, mesmo depois de a ver "de cima", não podíamos deixar de  visitar esta bonita vila que, em tempos, serviu de guarda à nossa fronteira com Castela e Leão, má vizinhança com quem não nos dávamos muito bem naquela época.

Os castelos desde Figueira de Castelo Rodrigo, Penedono, Pinhel, Almeida, Sabugal, Penha Garcia, Castelo de Vide, Marvão, Campo Maior, Elvas e por aí fora, foram os baluartes da pátria de então, estando alguns destes muitíssimo bem conservados e a merecer uma visita para conhecermos melhor a nossa história.

E descemos do Monte da Sra da Penha pela mesma estrada mas pela outra encosta ...

E enquanto descia cantarolava a minha canção preferida "eu vou ver estradas pró estrangeiro lai lai lai... que as de cá não conheço lai lai lai..." 




E como era feriado, a vila estava cheia de autocarros e já não havia lugar para mim no respectivo parque 




e uma foto da vila, obtida da janela da torre de menagem, com os típicos bancos laterais, em alvenaria, tão do agrado das donzelas de outrora ...




A esticar as pernas no burgo medieval



E uma foto da curiosa rua dos aquartelamentos.

Não é das mais visitadas pois situa-se no extremo da muralha a norte, distante do centro medieval o que é uma pena pois está "carregada de história"



Bem... e as horas avançavam e até Moura ainda faltavam "meia-dúzia" de kms ... apesar de gostar muito de história e monumentos, havia que nos apressarmos.

E fomos para Marvão, outra das praças-forte importantes na raia e local de visita de imensos turistas...

Já se via ao longe o seu altaneiro castelo ...






eis-nos chegados ...

Não sem antes ter percorrido esta estrada que ... lá estou eu outra vez a cantarolar ...




Uma breve visita ao seu interior para ficar a conhecer e refrescar a garganta pois estava calor ...



 Logo à entrada do castelo existe uma maquete do mesmo que permite aos visitantes uma visão 3D.



E já nos despedíamos desta bonita vila, com tempo ainda para um último olhar sobre a sua muralha norte.

E tomámos a N359 em direcção a Portalegre ...



mais uma bonita estrada, bem conservada, curvas "redondas", paisagem verde deste Alto Alentejo a "rebentar" em todas as plantas.

E em pouco tempo galgámos os cerca de 20 kms que separam Marvão de Portalegre.

Depois, cerca de 60 kms eram o que nos separavam de Estremoz e, embora não estivesse previsto pararmos, pelos menos uma foto ou outra não poderia deixar de se fazer ...





Zona alentejana que conheceu sucesso económico ao investir na cultura da vinha que se tornou paisagem predominante por ali.

E em menos dum "fósforo" estávamos a chegar a Évora Monte






Erguido num dos pontos mais altos da Serra de Ossa, há muito tinha a curiosidade de ir "ver como era" esta praça forte alentejana que teve importante papel nalguns episódios da nossa história.

Admite-se que data de 1160, altura da conquista da povoação aos mouros, pelo lendário Geraldo Sem Pavor.

Foi também ali que o Tratado de Évora Monte fez cessar as contendas liberais em 1834.



e faltavam ainda pouco mais de 100 kms até Moura ... íamos passar por Évora
mas sem nos determos... talvez, no regresso, por ali desse para parar e visitar "qualquer coisa".

E quase sem darmos por isso, a paisagem estava diferente ...



As vinhas de Estremoz e a vegetação incaracterística do norte alentejano tinha dado lugar ao sobrado.


e as cores da terra eram sarapintadas pelas do gado que, pachorrentamente, pastava.



Alguns bem perto e a quem o barulho da mota e a nossa aproximação nada incomodou ... 



e aí estávamos nós ... Alqueva. Já faltava muito pouco para chegar ao nosso destino




A inevitável foto da barragem ...


e do cais dos barcos de passeio pelo "grande lago"...


outra perspectiva  


e outra ainda já  a caminho de Moura


E finalmente Moura ... tinha ficado já uma vez, há uns bons an os, no Hotel de Moura, por ocasião duma concentração a que fui ... mas já não me lembrava onde era...

2 ou 3 voltas pela vila à procura do hotel até que o encontrei ...



Trata-se dum edifício com elevado valor histórico. Foi um antigo convento da Ordem Hospitaleira cujos monges prestavam assistência aos enfermos soldados que estavam num edifício-hospital contíguo.



com influências muçulmanas na sua arquitectura



uma abóbada fantástica que deixa iluminar todo o seu interior por luz natural


e um aspecto dum dos tectos das suas salas ...

Bom, e depois de 400 kms "no pêlo", um retemperador duche para um pequeno passeio a pé pela zona histórica da cidade de Moura que tanto tem para contar.

Foi sucessivamente ocupada por mouros e cristãos ao sabor das forças que a conquistavam. Tornou-se definitivamente cristã e portuguesa no reinado de D. Dinis, no sec XIII.




as suas ruas floridas são um atractivo turístico bem conhecido



bonitas e bem conservadas ruas, tão características do Além Tejo.

Bom, e este 1º dia de viagem estava no seu final. os "tais" 400 kms que já referi, sempre com um tempo excelente e com temperaturas bem simpáticas com que fomos recebidos.
Estava tão agradável que jantámos numa esplanada, de t-shirt  .


e amanhã seria o dia para "contornar" o Grande Lago, visitando as suas aldeias ribeirinhas.




1 comentário:

  1. Lindo passeio. Único. Muita luz. Muita vida. Muita alegria. Paisagens impares. Conheço bem! Mas quero sempre conhecer de novo.

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