SOLIDÃO: A MELHOR
COMPANHIA
Tenho, nestes últimos meses, vivido situações que, se não me abateram, não
me deixaram mais forte , apesar de uma das célebres frases de
motivação dizer precisamente o contrário: “Tudo o que não me mata deixa-me mais
forte”.
A doença e falecimento da minha esposa depois duma feliz união de mais de
20 anos, a adaptação a esta “nova vida” de apenas 3 pratos na mesa, do reajuste
das adequadas doses de arroz, massa e feijão, das cargas da máquina de lavar
roupa, … até ao afinar hábitos de compra no supermercado e dos incómodos e
desconfortáveis silêncios do deitar ao final do dia ,... foram a primeira prova,
ainda em curso e com constantes testes de resistência cuja superação continua a
decorrer e que se espera com aproveitamento quando os exames finais forem
marcados …
As promessas e os compromissos, como me foi ensinado pelos meus pais, são
pontos de honra e, depois de assumidos, sem qualquer hesitação ou de forma
titubeante, devem ser postos em prática … e as que mais importantes fiz a minha
esposa foram o tudo fazer para tomar conta dos seus filhos e pais, podendo,
assim, partir em paz para onde está, certamente a conferir se o faço como
gostaria que fosse feito.
O seu pai adoeceu, de forma grave e de diminuta esperança de recuperação …
mais uma vez, só uma intervenção divina de que cada vez mais desconfio por
estar zangado com ELE há já algum tempo… não me tem dado descanso pondo-me,
todos os dias, à prova não me deixando tempo para "ser eu" de vez em quando…
faz-me viver sempre em função “dos outros”, das suas necessidades, problemas e,
até, caprichos.
Mais uma vez, cabe-me a mim a responsabilidade de “tratar das coisas”,
interferindo até na vontade das pessoas que passaram a depender de mim … mesmo
estando zangado e desiludido com ELE, peço-lhe lucidez para as decisões que
tiver que tomar, pois a habitual frieza com que decido em stress começa a dar
de si… as emoções, como água que ferve, começam a subir e a tomar o lugar do
intelecto sempre tão disponível e claro na sua sensatez.
Decido melhor só… os amigos são sempre necessários mas, apesar das palmadas
nas costas, do “força pá… estamos aqui”, … é nos momentos de solidão que melhor
funciono e resolvo os problemas. Os amigos e as amigas, como que me “distraem”
da missão em que estou concentrado … porque não gosto de os “despachar”, divido-me
no tempo e no esforço e não me foco no essencial …
A solidão é, muita vezes, a melhor companhia e OS AMIGOS serão, certamente,
úteis noutras ocasiões.
Sem comentários:
Enviar um comentário