Há um
país onde a lei diz que todos são iguais, mas onde há uns menos iguais do que
os outros.
Estes ajudaram a erguer o país,
e muitos até foram à guerra em nome desse mesmo país.
Mas agora são gente pacífica,
de físico debilitado e cujas vozes não chegam ao céu.
Não ameaçam ninguém, não
paralisam o trabalho e já não cumprem os padrões de produtividade exigidos.
Adoecem mais do que os outros,
e são considerados um fardo para a sociedade pelo que custam em tratamentos.
Não trabalham para pagar o que
gastam, embora já antes tivessem trabalhado para pagar o que recebem.
O poder político desse país
entende que vivem acima das suas possibilidades e que por isso são uma dor de
cabeça.
Acha mesmo que seria mais fácil
governar se eles não existissem.
Conclui assim pela sua
inutilidade, que estão a mais, que são descartáveis.
Não se importa de lhes
dificultar o acesso à saúde, porque é indiferente que morram mais cedo.
Talvez seja até preferível,
porque morrendo mais cedo ajudam a melhorar o exercício orçamental.
Sendo alvos fáceis e dóceis,
sem capacidade contestatária e sem instrumentos de pressão, nada custa
retirar-lhes direitos e regalias antes julgados vitalícios.
Sendo solidários e ajudando os
familiares mais carenciados, não recebem em troca a solidariedade do poderes
públicos.
Pelo contrário, são os
primeiros na linha de fogo, e quando o poder sente alguma aflição financeira é
a eles, e muitas vezes só a eles, que começa por retirar as verbas necessárias.
Mesmo que a suprema autoridade
judicial se interponha, declarando ilegal tal prática, os governantes não se
sentem na obrigação de acatar a restrição, antes a contornam e insistem no
mesmo.
E insistem retirando-lhes ainda
mais verbas, e retirando a mais vítimas do que antes tinham feito.
Não dizem que aumentam o
confisco, mas que estão a recalibrar.
Dizem também que não é um
imposto, quando tem toda a forma de um imposto – e um imposto agravado.
Um imposto que se aplica apenas
ao tal grupo, e não a todos os contribuintes do país.
Esse grupo são os velhos, e o
país, onde não há lugar para velhos, chama-se Portugal.
É um país descalibrado, onde
manda muita gente sem calibre.
O Escritor, Jornalista e
meu Amigo Joaquim Vieira, dispensou-me amavelmente este seu Artigo, que ontem
foi por ele lido na ANTENA
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Por:Victor Neves.
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