domingo, 14 de julho de 2013

1º PASSEIO MOTARD AÇOREANA



Olá a todos:

Pois bem, este sábado foi mais um dia de passeio ... e desta vez convidado pelo Paulo Neves, da Cª de Seguros Açoreana.

Tudo começou com um telefonema dele há umas semanas dizendo que eu lhe tinha sido indicado por um amigo comum, como sendo a pessoa certa para o ajudar a organizar um passeio de moto para os colegas de trabalho ... 

Dispus-me de imediato a colaborar mas pensei para comigo: "Eh pá... ainda tenho amigos que me consideram ... como é que os tenho conseguido enganar este tempo todo?" 

Para além dumas dicas sobre o que achava melhor que se fizesse tendo em conta o tempo disponível e o número de participantes, nada mais fiz ... mas este pessoal do norte é mesmo simpático e generoso... gosta de retribuir mesmo pequenas e desinteressadas colaborações.

E aceitei, pois claro ...

Pelas 10:00 lá nos encontrámos no Parque Verde, onde estava marcado o ponto de encontro para os cerca de 35 participantes que viajaram, maioritariamente, da zona norte, apesar de Lisboa estar igualmente bem representada.




Eu aqui com o Paulo Neves que tratou de tudo com um profissionalismo e rigor ... nada falhou ...  sempre preocupado com o bem-estar de todos ...




E o pessoal ia chegando ...


Até uma Vespa participou... grupo eclético sem dúvidas


Um pequeno briefing antes da partida para distribuir um pequeno road book e partilhar algumas informações








Nesta foto o Paulo Neves e o Jorge Martins a ultimar uns pormenores, cuidando para que nada falhasse... e não falhou !!!!


Íamos sair do Parque Verde em direcção à Estação Nova e depois seguiríamos junto ao rio até aos Campos do Bolão, ... depois para a Geria.



Não sem antes tratar da foto "institucional", na qual, simpaticamente, me incluíram ... afinal, sou cliente.




A caravana em direcção à Geria ... espectáculo



Pela N111 até Tentúgal onde parámos na famosa casa dos pastéis de Tentúgal, "O Afonso"... e onde nos estava reservada a primeira surpresa do dia.



Do grupo fazia também parte o Rui Saraiva (1º da direita) agente da Cª, com quem partilhei excelentes momentos no Mototurismo do Centro



E a surpresa era uma visita guiada pela "fábrica" dos pastéis de Tentúgal, dirigida pela Drª  Olga Cavaleiro, a sua proprietária ao que julgo saber.



Depois de calçar uns "sapatos de chuva" e colocar uma touca, fomos conduzidos até uma enorme sala onde era preparada a massa.







Olga Cavaleiro explicou todo o processo do fabrico e um pouco da história dos pastéis, de forma interessada, conhecedora e, sobretudo apaixonada ... sabia do que falava e fazia-o com emoção ... gostei.



A pasteleira a espalhar a massa pelo chão para que fique cada vez mais fina... vai alargando, alargando ...




Passou por nós um pouco de flor-de-farinha, matéria prima usada para o fabrico... não a farinha de trigo normal que pode ser adquirida nos supermercados ...




E a massa estava já bem espalhada pelo chão ... 

Foi-nos informado que a origem dos pastéis de Tentúgal remonta há cerca de 4 séculos atrás ...
O Convento do Carmo, sito na mesma vila, teve como residentes freiras carmelitas que, como todas as comunidades eclesiásticas de mosteiro, entre as suas actividades principais, a doçaria marcava presença importante.
Com a extinção das ordens religiosas por ordem de Joaquim António de Aguiar, conhecido por "mata-frades", em 1834, os conventos tiveram que se organizar de forma a obter receitas que garantissem a sua subsistência ... a doçaria conventual talvez fosse a mais importante de todas.
O decreto de extinção permitia, contudo, que as freiras residentes em clausura se mantivessem no mosteiro até à sua morte.



E a "Carmita", diligente pasteleira, continuava a espalhar a massa enquanto a Drª Olga nos contava a história dos pastéis.


Do fabrico, disse-nos que "o segredo está na massa" ... tal como com a pizza no spot comercial da TV. A sua moagem é especial e as suas características que lhe dão flexibilidade para esticar e esticar ... advêm do glúten.

No Convento do Carmo, a fama dos pastéis foi tal, que tiveram que colocar uma "roda" só para os pastéis ...
Para quem não sabe, a "roda" era o único meio de comunicação com o exterior dos conventos de clausura ... e a "roda" servia para a entrada e saída de alimentos entre outras coisas ... talvez a mais importante fosse a "roda-dos-meninos", assim designada por ser por onde as mães, aflitas com o nascimento de mais um filho, o entregavam ao cuidado do convento, depositando nele todas as esperanças de uma vida melhor para o recém-nascido.




A massa já bem fina, menos espessa que uma folha de papel ...



Aqui, uma colaboradora a espremer queijo fresco para o fabrico das igualmente famosas queijadas




A fama e qualidade dos pastéis de Tentúgal, ou do Convento do Carmo, era tal que eram vendidos na cidade de Coimbra. A prosperidade do convento contrastava com a da maioria que definhavam ao ritmo do desaparecimento das suas últimas residentes.



Este o resultado final após um trabalho algo violento, de várias horas debruçada a esticar a massa e de joelhos a apanhá-la.




O vídeo


Ser pasteleira era, no entanto, para as mulheres, uma boa alternativa à desgastante vida do campo. Tratam-se na sua maioria de campos de arroz cuja cultura é feita sempre com muita água e humidade ... o que causa vários problemas de saúde, nomeadamente ao nível ósseo e respiratório.
Assim, o aprender a pastelaria do doce mais famoso de Tentúgal, era um mal menor.

Depois, foi a degustação do pastelinho com um "branco" fresco que caiu que nem gingas ... passe a publicidade ao cartaz turístico de Óbidos.


E depois seguimos até Montemor-o-Velho, para uma visita ao castelo, onde obtive esta curiosa foto que me deixou meio baralhado... com o Acordo Ortográfico já nem sei se isto está bem escrito ou não.

Depois de estacionar no largo da Câmara Municipal, era suposto subirmos até ao castelo pelas novíssimas escadas rolantes ... que estavam paradas.
Disseram-nos mais tarde que apenas o primeiro lanço de escadas estava desligado pois alguém, ali vizinho concerteza, se diverte a carregar no botão de STOP .... ehehheh.





Voltámos ás motos e subimos nelas até ao castelo onde nos estava reservada a segunda surpresa da manhã ... quase tarde pois eram já mais de 12:00.








Bonito de se ver ... a colorida caravana de motos a subir a encosta do castelo de Montemor-o-Velho





Esperava-nos Cristina Baía, técnica dos serviços de turismo daquele município e que nos iria guiar por uma breve visita ao castelo.

Competência, simpatia e um grande entusiasmo nas explicações fizeram da visita um agradável e interessante momento, que a todos nos deixou mais ricos culturalmente. Afinal, trata-se da nossa história.


Aqui o altar de N. Senhora da Vitória, que apresenta um sulco vermelho no pescoço, representando a sua degola. Mais uma das lendas do castelo de Montemor-o-Velho.

Esta fortaleza existe pelo menos desde o sec IX, data em que há registo da sua tomada cristã pelo Rei Ramiro I das Astúrias, no que foi ajudado pelo Abade João do Mosteiro do Lorvão, à época um importante centro cultural, político e militar e a quem doou o castelo.

Das constantes mudanças de mãos entre cristão e muçulmanos, conta a lenda que após prolongado cerco das tropas muçulmanas, os sitiados cristãos liderados pelo Abade João, escasseando os bens, terão tomado a decisão de todos os que não pudessem combater fossem degolados para que as suas mortes não fossem tão penosas, o que aconteceria se caíssem em mãos mouras.

Surpreendentemente e talvez animados porque já nada lhes restava senão a esperança de sobreviver, lutaram com bravura e denodo e escorraçaram os mouros até ao mar, perto da Figueira da Foz.

Ao regressarem ao castelo, ouviram cânticos cristão vindos de dentro das muralhas ... eram os degolados que tinham ressuscitado.
A partir daí, todas as meninas nasceram com o risco de sangue no pescoço.






Num altar lateral, "A ultima ceia", de autoria da oficina do conhecido mestre que Coimbra acolheu, João de Ruão, do sec XVI. 
Este arquitecto, de origem francesa, veio para Coimbra em 1518, para esculpir a Porta Especiosa da Sé Velha.
Teve vários discípulos e aprendizes que criaram várias obras sendo difícil determinar a sua exacta autoria, preferindo dizendo-se, por isso "da escola ou da oficina de João de Ruão".

Esta "Ultima Ceia"  é algo diferente de todas as outras e tem suscitado discussões sobre o seu significado: tem vários pães e não apenas um que terá sido partilhado, ... tem vários copos e não apenas um cálice onde foi deitado o vinho e dado a beber aos discípulos, ... uma curiosidade sem dúvida.



Uma outra escultura bem curiosa: A Senhora do Ó grávida.

A Igreja não via com bons olhos a retratação da Virgem através de imagens de grávidas pelo que mandou retirar todas as que existiam. No entanto, nesta Igreja de Santa Maria da Alcáçova, situada dentro do castelo e monumento nacional, a imagem permaneceu.

A propósito da igreja, esta apresenta vários estilos arquitectónicos que resultam das várias intervenções a que foi sendo sujeita ao longo dos tempos.
Arcos góticos, colunas manuelinas, azulejos hispano-árabes do sec XVI, ... são disso exemplo.



Esta é a imagem de São Braz, padroeiro das doenças da garganta, escultura do sec XV. Já não me lembro muito bem mas creio ter ouvido a guia Cristina Baía dizer que mais dois santos ou santas, de que já não recordo o nome, eram padroeiras das dores de ouvidos e duma outra maleita qualquer ... a pequena igreja parece uma policlínica !!!!




E já no exterior da igreja, falando sobre a arquitectura do castelo



Um aspecto da parte do castelo onde se realizam os festivais de teatro CITEMOR e de música



Vista da parte do castelo mandada construir mais tarde, no sec XIV, por D. Pedro, Duque de Coimbra e Senhor de Montemor, para permitir ás populações o refúgio de pessoas e bens no castelo.

Apesar da reconquista cristã estar consolidada em todo o território, as guerras com Castela, franceses e até ingleses, não proporcionavam tranquilidade e paz pelo que o castelo era o seu refúgio.



O grupo dirigindo-se para as ruínas do Paço




ó pra mim a ouvir as informações com toda a atenção !!!!

Sim... porque sou um tipo interessado na nossa história


A visita ao castelo de Montemor-o-Velho foi, sem dúvida, um dos momentos altos do passeio, muito por "culpa" da Cristina Baía que nos conseguiu prender a atenção com as suas explicações



Vista de parte da Vila de Montemor-o-Velho



Idem com os campos de arroz, cultura importante e tradicional nesta região do baixo Mondego


O Mondego "velho" que se identifica através da fila de árvores ... é hoje apenas uma vala grande pois o seu percurso foi desviado, na década de 80, mais para Sul, onde é visível também nesta foto, ao fundo, também com uma fileira de arvoredo.


E estava concluída a visita ao castelo de Montemor-o-Velho e estávamos já atrasados em relação ao horário estimado.
Havia ainda que nos dirigirmos para a Figueira da Foz, onde estava previsto o almoço no Clube Náutico não sem antes darmos "uma volta" pela Serra da Boa Viagem.




A caravana atravessando a povoação da Serra da Boa Viagem






Nas estradas da Serra da Boa Viagem



Foi uma pena não podermos parar na Bandeira e no Abrigo da Montanha para desfrutar das belíssimas vistas mas... a ditadura do relógio nem ao fim de semana dá tréguas.



Mesmo assim, eu parei por duas vezes para umas "chapas"...



O farol do Cabo Mondego... lindo... ando há que tempos a ver se arranjo lá uma visita ...



E por falar em fotos... as desta crónica são fraquinhas pois uma arreliadora falta de bateria da minha máquina apenas me deixou o telemóvel para as tirar ...

E um desfile pela marginal de Buarcos até à Figueira da Foz ... 30 motos com cerca de 40 pessoas envergando coletes brancos com publicidade à Cª de Seguros Açoreana ... fizeram parar o trânsito e desviar cabeças para apreciar o espectáculo que era a longa fila de motos... lindo de se ver sem dúvida... se fossem trinta carros ninguém reparava !!!




A caravana na marginal figueirense ... 




... cujos sons e movimento  suscitava a curiosidade de todos os transeuntes ...

E havia que rumar ao Clube Náutico, na Marina, onde iríamos almoçar







E a fome já apertava para alguns... toca a sentar para "dar ao bigode" ...



Umas entradas de enchidos que vieram mesmo a calhar ... e o branco estava fresco ... alguém disse que também havia água... nem reparei !!!



E até um momento de "cantar os parabéns" a uma das senhoras participantes houve ...

Bom... resta dizer que foi um óptimo dia.
Passeio agradável e excelentemente organizado pelo Paulo Neves a quem agradeço uma vez mais o convite que me fez, diz ele que em retribuição da "inestimável ajuda" que lhe prestei ... generosidade é o que é pois apenas me limitei a dar umas dicas ...
Fica ainda a certeza de que estes encontros absolutamente informais de colaboradores da  empresa, contribuem para o fortalecimento do espírito de grupo e aproximam as pessoas tornando a resolução dos problemas mais fácil ... parabéns por isso também um exemplo a seguir por outras empresas onde se diz que "é bom trabalhar" mas ...

Uma palavra ainda para o sentido de responsabilidade e civismo demonstrado por todos. Fazer parte duma caravana de 30 motos, em estradas com trânsito algo complicado, é uma tarefa que só se consegue com o contributo geral ...
e hoje foi fácil consegui-lo. Parabéns.

E fiquei mais rico: "O meu património são os meus amigos e, hoje, fiquei ainda com mais".

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