ó pra ele preparado para a visita ...
Olá
a todos:
Ao
fazer uma pesquisa no Google, descobri por mero acaso que está a decorrer uma
campanha para que a Universidade de Coimbra, Alta e Rua da Sofia, sejam
considerados Património Mundial pela Unesco.
No
âmbito das realizações levadas a efeito para dar a conhecer esta iniciativa,
decorrem visitas guiadas à Universidade pelo preço de 3,00 por pessoa
(habitualmente o preço ronda os 12,00 creio).
Achei
uma oportunidade para revisitar todo aquele espaço e ambiente únicos pois, com
um guia que nos explica os pormenores “disto e daquilo”, daquela janela, estátua
ou galeria, quadro e retrato,…mesmo que sejamos muito independentes e
queiramos, fazer a visita a solo “poder
podia mas não era a mesma coisa”.
O Luís, a Carolina, o João David e o João Nuno
Bem,
fiz a inscrição por e-mail para mim e para um conjunto de amigos e, no domingo
passado, pelas 11:00, lá estávamos diante
da Biblioteca Geral, em frente á Faculdade de Letras, aguardando os restantes
membros do grupo visitante e o guia.
Este,
um jovem funcionário da Universidade, sabia o que fazia e explicava, com
detalhe e simplicidade, todos os aspectos dos locais por onde íamos passando.
Madames Paula e Helena discutindo certamente sobre toilletes, pendant's, ...
A Universidade
de Coimbra, fundada em 1290 por D. Dinis quando Coimbra era a 1ª capital do
Reino, chamou-se, na altura, Estudo Geral, sendo reconhecido pelo Papa Nicolau
IV como, na época, era necessário.
Houve
mais tarde um período em que a Universidade era itinerante e funcionava ora em
Lisboa, ora em Coimbra para onde, de forma definitiva, se mudou em 1537.
O
seu núcleo central, conhecido como Páteo das Escolas, servia de palácio real,
com duas alas distintas, a destinada à Rainha e seu séquito onde hoje é a
Reitoria e a ala do rei, onde hoje se situam a Sala dos Capelos e do Exame Privado.
Esta ala era mais pequena pois o Rei estava, á época, ocupado com a reconquista
de Portugal aos Mouros.
No
seu exterior, os edifícios das faculdades de Medicina, Letras, Ciências,
Matemática e Bib lioteca, são de estilo neo-clássico a que vulgarmente se chama
“estilo do Estado Novo” e foram construídos entre 1940 e 1960.
O simpático e competente guia que nos acompanhou nas cerca de 2 horas de visita, no início da mesma junto á Porta Férrea
Ao
passar a Porta Férrea, um dos ícones da Universidade, entramos na parte mais
antiga da Universidade e onde foram criados os Estudos Gerais, cujas
disciplinas ensinadas eram Artes, Direito Canónico, Medicina e Leis (Direito
Civil).
Sobre a PORTA FÉRREA podem consultar aqui.
No
Páteo das escolas sobressai a Torre ( para os estudantes “A Cabra”) a Porta
Manuelina da Capela de S. Miguel e a fachada da Biblioteca Joanina, talvez o
mais conhecido edifício da Universidade.
Dois estudantes, envergando o traje académico, na parte interior da Porta Férrea
A
Capela de S. Miguel, foi construída no sec. XVI substituindo uma anterior que
se crê datar do sec XII.
As
universidades tinham um cariz eminentemente religioso e um local de oração era,
pode dizer-se, obrigatório.
De
estilo Manuelino, é ricamente decorada e tem, no seu interior, um enorme órgão
de tubos verticais e horizontais, dos mais raros que existem pela sua
configuração. Ainda hoje é tocado apenas numa pequena parte da sua capacidade
pois a igreja é pequena para o seu nível de sonoridade. De estilo barroco, tinha
sido inicialmente encomendado pelo Rei D. João V para uma igreja em Lisboa e o
seu tamanho coube, milimetricamente, entre duas janelas na capela de S. Miguel.
Podem ver mais informação sobre a CAPELA DE S. MIGUEL aqui .
A
Via Latina, concebida para facilitar o acesso entre as alas reais, o Paço Reitoral,
a Sala dos Capelos, … é assim conhecida por, quando nela se circulava, ser obrigatório
o uso do latim para conversar, cumprimentar, …
O grupo, ouvindo a explicação antes de entrar na Capela de S. Miguel
Vista do Páteo das Escolas, com destaque para a
Ala da Rainha onde hoje funciona a Reitoria
Aspecto da Via Latina
A entrada para a Capela de S. Miguel e a sua porta manuelina. Ao fundo a Biblioteca Joanina
A
Biblioteca Joanina é um monumento de inegável beleza arquitectónica e
importância científica.
Escuso-me
a descrevê-la podendo ser encontrada mais informação em BIBLIOTECA JOANINA
A visita prosseguiu nos seus pisos inferiores, destinados a arquivo de livros e á Prisão Académica. Melhor informação pode ser encontrada AQUI mas, posso dizer-vos, que já naquele tempo ser professor não era bom ... os espaços destinados à clausura dos professores eram muito piores do os dos alunos... estes eram de origem nobre e os seus pais eram os principais financiadores e beneméritos da Universidade ... "portantos".
A visita prosseguiu para a SALA DOS CAPELOS e DO EXAME PRIVADO, na ala do rei e pudémos ainda subir ao varandim que tem uma vista fabulosa sobre Coimbra. Daí, o guia explicou e pudémos perceber a razão da Rua da Sofia estar integrada nesta candidatura: toda ela era constituída por Conventos e Colégios destinados à preparação dos futuros estudantes universitários.
Coimbra vista da varanda da Ala Real
O Museu Machado de Castro
Infelizmente, não é possível tirar fotos no interior dos locais mais bonitos emblemáticos mas, todas as fotos estão disponíveis no site da Universidade de Coimbra e, estou certo, com muito melhor qualidade das que eu conseguiria.
Um último apontamento de satisfação por ver que este património está excelentemente conservado e é devidamente apreciado pelos inúmeros turistas estrangeiros que por lá andavam ... curiosamente, portugueses creio que eram só mesmo os do nosso grupo ...
Lamentamo-nos que "lá fora é que é ...","têm coisas lindíssimas" ... sim, pois têm mas nós cá também temos e deveriam ser conhecidas.
Recomendo a todos, especialmente aos que têm por Coimbra uma ligação "diferente" ... vale a pena visitar a Universidade como turista.
Nós temos a mania de menosprezar o que é nosso. Se o valorizássemos mais também nos valorizaríamos como pessoas, como povo e como país. Linda crónica. Nunca fiz um visita guiada à Universidade mas calcorreei-a vezes sem conta. Foi com uma lágrima ao canto do olho que li o que escreveste...a saudade não perdoa. Obrigada, João, pela partilha.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário Cristina.
EliminarAssim é de facto ... temos quase todos nós essa tendência de valorizar mais as "estrangeirices".