quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O MEU PRIMEIRO DIA OFICIALMENTE DESEMPREGADO



O meu primeiro dia oficialmente desempregado

Pois é … ontem fui ao Centro  de Emprego tratar da minha inscrição.

Depois de responder ao “interrogatório” sobre as minhas capacidades, conhecimentos e competências, deram-me a conhecer um conjunto de deveres que teria que manter bem presentes entre os quais demonstrar que, de forma proactiva, procurava o regresso ao mundo do trabalho.
Para além deste, talvez o mais importante, terei que me apresentar, quinzenalmente, num serviço da S. Social como se de uma prova de vida se tratasse … não vá dar-se o caso de ter emigrado e a família continue a receber o “cacau” …

O Centro de Emprego estava lotado de pessoas, … africanos, cidadãos de leste facilmente reconhecidos pelas conversas em eslavo que mantinham ao telemóvel e muitos jovens … o que me deixou assim ... meio triste por eles.

Enquanto aguardava pela minha vez fui percorrendo aqueles rostos e “deitando-me” a adivinhar como seria o trabalho de cada um antes de se verem com a carta de despedimento na mão.

Um jovem engenheiro informático que comentava com um companheiro de fila “eu a minha namorada (também engenheira) trabalhávamos lá … e pensávamos casar este ano … já viu isto ???” … e tinha na mão uma carta com o timbre duma conhecida empresa do PSI20 na área das tecnológicas.

...

Hoje fui levar a Joana e uns colegas à escola … entre os pais revezamo-nos e, uma semana cada um, tomamos esta tarefa a cargo.

Levava comigo um “papelinho” com compras que eram necessárias efectuar e esperei que o hipermercado abrisse às 08:30… foram cerca de 10 minutos em que partilhei o hall de entrada com mais cerca de 20 pessoas … alguns, mais idosos, eram claramente os representantes dos “reformados”, falando entre si como velhos conhecidos e que fizessem do estar à porta do hipermercado às 08:20 da manhã, um ritual e um hábito como o ir para o café jogar sueca ou lançar setas.

Havia ainda umas senhoras, com aspecto ainda jovem o suficiente para não fazer parte do primeiro grupo de “reformados” … a minha imaginação levou-me a pensar que seriam professoras cujos horários lhes permitiam ir, descansadamente, fazer compras logo pela manhã, aproveitando a frescura dos vegetais e peixe e evitando a confusão dos fins-de-tarde.

Estavam ainda 2 jovens estudantes facilmente reconhecidos pela capa com as sebentas e livros que aguardavam, de forma ansiosa, a abertura das portas … pensei comigo que necessitariam aqueles jovens para estar a aguardar a abertura do hipermercado àquela hora? … ter-se-iam esquecido de comprar um qualquer material para uma aula bem cedo? …

E restava eu … não me inclui na classe dos “reformados”, na das “senhoras professoras” também não por óbvias razões e na dos “putos”, com bastante pesar meu, também não …

Fiquei assim com uma sensação de não pertencer a nenhuma das categorias de organização da sociedade… que diabo, hei-de fazer parte de alguma …

Enquanto não resolvo isto, decidi "inscrever-me" na sub-categoria dos “desempregados-pré-aposentados-com ocupação não profissional de apoio doméstico-familiar”…

Espero que tudo isto que agora sou e faço não me retire o direito ao Sub.Desemprego.



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