O meu primeiro dia
oficialmente desempregado
Pois é … ontem fui ao
Centro de Emprego tratar da minha
inscrição.
Depois de responder ao “interrogatório”
sobre as minhas capacidades, conhecimentos e competências, deram-me a conhecer
um conjunto de deveres que teria que manter bem presentes entre os quais demonstrar
que, de forma proactiva, procurava o regresso ao mundo do trabalho.
Para além deste, talvez
o mais importante, terei que me apresentar, quinzenalmente, num serviço da S.
Social como se de uma prova de vida se tratasse … não vá dar-se o caso de ter
emigrado e a família continue a receber o “cacau” …
O Centro de Emprego
estava lotado de pessoas, … africanos, cidadãos de leste facilmente
reconhecidos pelas conversas em eslavo que mantinham ao telemóvel e muitos
jovens … o que me deixou assim ... meio triste por eles.
Enquanto aguardava pela
minha vez fui percorrendo aqueles rostos e “deitando-me” a adivinhar como seria
o trabalho de cada um antes de se verem com a carta de despedimento na mão.
Um jovem engenheiro
informático que comentava com um companheiro de fila “eu a minha namorada
(também engenheira) trabalhávamos lá … e pensávamos casar este ano … já viu
isto ???” … e tinha na mão uma carta com o timbre duma conhecida empresa do
PSI20 na área das tecnológicas.
...
Hoje fui levar a Joana
e uns colegas à escola … entre os pais revezamo-nos e, uma semana cada um,
tomamos esta tarefa a cargo.
Levava comigo um “papelinho”
com compras que eram necessárias efectuar e esperei que o hipermercado abrisse às
08:30… foram cerca de 10 minutos em que partilhei o hall de entrada com mais
cerca de 20 pessoas … alguns, mais idosos, eram claramente os representantes
dos “reformados”, falando entre si como velhos conhecidos e que fizessem do
estar à porta do hipermercado às 08:20 da manhã, um ritual e um hábito como o
ir para o café jogar sueca ou lançar setas.
Havia ainda umas senhoras,
com aspecto ainda jovem o suficiente para não fazer parte do primeiro grupo de “reformados”
… a minha imaginação levou-me a pensar que seriam professoras cujos horários
lhes permitiam ir, descansadamente, fazer compras logo pela manhã, aproveitando
a frescura dos vegetais e peixe e evitando a confusão dos fins-de-tarde.
Estavam ainda 2 jovens
estudantes facilmente reconhecidos pela capa com as sebentas e livros que
aguardavam, de forma ansiosa, a abertura das portas … pensei comigo que
necessitariam aqueles jovens para estar a aguardar a abertura do hipermercado àquela
hora? … ter-se-iam esquecido de comprar um qualquer material para uma aula bem cedo?
…
E restava eu … não me
inclui na classe dos “reformados”, na das “senhoras professoras” também não por óbvias razões e na dos “putos”, com bastante pesar meu, também não …
Fiquei assim com uma
sensação de não pertencer a nenhuma das categorias de organização da sociedade…
que diabo, hei-de fazer parte de alguma …
Enquanto não resolvo
isto, decidi "inscrever-me" na sub-categoria dos “desempregados-pré-aposentados-com
ocupação não profissional de apoio doméstico-familiar”…
Espero que tudo isto
que agora sou e faço não me retire o direito ao Sub.Desemprego.
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