O meu primo "brasileiro" Carlos Augusto Carraca, continua a surpreender-me com algumas publicações de fotos que vai buscar ao baú ...
Desta vez, uma da minha avó paterna, a Maria Duque, mãe de meu pai e de mais 3 filhos, meus tios, infelizmente dois deles já falecidos e de quem muitas saudades tenho: o António e o Jorge.
Estão ainda, felizmente vivos, meu pai João e o meu tio Manuel.
Contam-me que a sua casa, modesta como quase todas as da época, para além duma cozinha de piso térreo, da sala/alafaiataria e do quarto, tinha apenas um sótão onde dormiam os 4 irmãos, numa única cama, deitados "desencontrados" uns para a cabeça e outros para os pés...
A minha avó, para além de mãe e dona-de-casa, era a ajudante na alfaiataria do meu avô, seu marido.
Recordo com um largo sorriso os momentos em que brincava debaixo da enorme mesa de corte dos fatos, no meio de almofadas e restos de tecido, enquanto o meu avô me contava verdadeiras histórias de encantar ... era quase sempre a mesma:
"Um pastor que, com o seu rebanho deambulava pelas serras e uma cobra que, atraída pelo cheiro do leite das ovelhas e cabras, se misturava no rebanho para o beber, "encantando" os animais com a sua língua, paralisando-os enquanto se alimentava nos seus tetos..."
Tenho a ideia que o meu avô paterno era um sujeito austero e severo ... homem culto, que lia bastante,... pude ler ainda muitos dos seus livros que mandava vir duma "secretaria" qualquer da então Informação Nacional, organismo do Estado Novo que editava pequenos livros sobre grandes figuras da nação (navegadores, conquistadores, etc.)
A minha avó era um doce... quase nunca havia dinheiro para dar aos netos (7) mas havia sempre um ovo de galinha que servia de "moeda de troca" na loja da aldeia para umas guloseimas.
Fui um miúdo muito feliz e recordo os meus avós com imenso prazer e sorrisos ...
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