segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PINGUIÑOS 2014

Olá a todos:

Confesso que pensei bastante sobre que título haveria de dar à crónica deste passeio à 33ª concentração dos Pinguins que este ano contou com 27.456 inscritos ... 

Pinguiños es para niños ou Tirantes de pantalones de mierda ... o que traduzindo para a língua de Camões,  Pinguins é para meninos ou Suspensórios de Merda

Esta última hipótese fez-me crer que, se a usasse, afastaria alguns dos meus leitores mais conservadores e pouco dados a estes meus "radicalismos" de linguagem, por isso, decidi por Pinguiños es para niños porque este ano foi uma concentração nada invernal... mas depois explico a história dos suspensórios ... ehehehehe.

Desde a 1ª vez que lá fui, em 1992, já apanhei de tudo ... gelo, neve, nevoeiro, chuva, vento, ... mas um fim de semana como este, com temperaturas máximas na ordem dos 10º e mínimas de -4º nunca !!!.
Por isso digo que este ano foi para meninos e a próxima edição dos Eskimós, em Fevereiro na Serra da Estrela é que vai ser para "duros".





A motinha já preparada para arrancar ... eram quase 08:30 de sexta-feira


Como estava combinado com o João Machado, António Rodrigues e Pedro Caetano, o ponto de encontro foi na sexta-feira, 10, pelas 08:30 no Moleirinho para o cafézinho da praxe ...




E aqui está a digna representação do Grupo Mototurista da Associação Recreativa Humanitária Beneficente Cultural Desportiva Solidária Filantrópica Gastronómica e de Confratrernização Os Lesmas da Feteira.



O João Machado (era a 1ª vez nos Pinguins e estava nervoso... disse mesmo que não sabia quantas garrafas devia levar ...), o António Rodrigues, eu próprio, Sr. João Rui Pimentel e o Pedro.

Conversa práqui, léria prácola, decidimos que iríamos pelo IP3 até ao IC12 para Nelas, daí para Mangualde (local de outra concentração igualmente famosa) onde a contragosto de todos percorreríamos a A25 até Vilar Formoso ... sim porque o andar em auto-estrada é entediante e faz-me sono.








No IP 3, na zona da barragem da Aguieira o nevoeiro chegou a atrapalhar ... mas a viagem decorreu sem problemas

Uma primeira paragem em Vilar Formoso para ir ao multibanco levantar uns euros porque, apesar de haver máquinas automáticas no local da concentração é sempre uma grande confusão.




O Pedro e o João Machado a ligarem para casa e pedir para os familiares irem depositar qualquer coisa que o "multibanco não dava nada" ...

Nova paragem, desta vez do "lado de lá", na Pedresina, para atestar.



... e para um cafézinho ...

De novo na estrada pela E80,  Autovia de Castilla , em direcção a Salamanca, Valladolid, ... e em Simancas, na saída 135, lá fomos até ao parque da concentração, bem junto ao Rio Duero.








Não sem antes efectuarmos uma pequena paragem, à boa maneira portuguesa, para "comer uma bucha". Eram já cerca de 14:00 (hora de Espanha) quando degustámos alguns dos melhores exemplares da gastronomia regional portuguesa.
Nesta foto está já o Zé Augusto, de Paços de Ferreira, que se juntou em Vilar Formoso.

E deveriam ser cerca das 15 e pouco quando chegámos ao local da concentração.




A chegada ao local da concentração e local das inscrições ... só falta a GS amarela do Zé Augusto ... vendo-se em primeiro plano o "autotanque" segundo diz o João Machado.


A chegada ao local do acampamento ...





O local era administrado por 3 grupos distintos mas de malta amiga e muito unida: 
Os Cinquentinhas de Bragança, Os Javalis de Vinhais e ainda os Fisgas de Bragança.

Disseram-me que Os Cinquentinhas eram uns "putos" que iam aos Pinguins nas suas 50 com a malta mais velha dos Fisgas.... hoje são já homens mas o nome do grupo ficou.
Quanto aos Javalis, são já conhecidos de anteriores crónicas.

Estrearam este ano o "barraco" que serviria para alojar a malta nas refeições se estivesse mau tempo ... não foi necessária pois o S. Pedro foi nosso amigo e nunca me lembro duma concentração Pinguiñera com temperaturas tão agradáveis como já referi. 

Curiosa é a forma de se organizarem: anualmente são nomeados 2 ou 3 "mordomos" que ficam responsáveis pela logística do acampamento ... e não é pouca.


Desde tenda, fogões, moto serra e machados, atrelado, cadeiras, mesas, panelas, tachos, comida, bebida (muita !!!!), ... o trabalho é muito e este ano, na noite de sábado, a mais movimentada, o grupo era de cerca de 50 pessoas ...






espectáculo !!!!! ... 



e com esta despensa ...


e esta rapaziada que estava à nossa espera para almoçar ...
esqueci dizer que comíamos qualquer coisa pelo caminho




e esta fantástica salamandra que fazia com que a tenda fosse um local muitpo aconchegador ... as cervejas é que tinham que ficar lá fora para não aquecer.

Mas adiante... havia ainda coisas a tratar e as tendas para montar. A noite cai rapidamente e é fria, por isso, convinha que tudo estivesse preparado quando chegasse a hora de nos deitarmos... para quem o fosse fazer.


O Rodrigues, como está reformado e como não tem horários, disse que, primeiro, era melhor beber uma  mini e que as tendas se montavam a seguir ...
Nesta foto, estamos nós e o Esteves, dos "Fisgas de Bragança", um dos mordomos de 2014, que tão bem nos recebeu como só os transmontanos o sabem fazer.



O João Machado com a sua tenda única... é insuflável... toda ela... mas tem que manter o pessoal com beatas e materiais aguçados bem afastado.




O acampamento começava a tomar forma e estes dois a tratar dos preliminares pois o Pedro não levou tenda e ia dormir com o Rodrigues


"São muitos anos a virar frango" e um poucos minutos eu e o João Machado já tínhamos os alojamentos preparados.



O Rio Duero era mesmo ali ao lado ... só quem anda nestas vidas sabe o jeito que dá ter um bosque e um rio por perto ... 


São incontáveis as vezes que dá vontade de fazer xi-xi... efeito diurético das minis ...



E o pessoal já andava numa azáfama a tratar do jantar de sexta-feira ... o Luís com o moto-serra a cortar madeira para a fogueira (toda a comida foi feita na fogueira em potes de ferro fundido).


Eize-as ... à antiga portuguesa e dão um sabor à comida !!!

Nessa sexta-feira a ementa tinha como prato principal para o almoço, frango guisado com massa e, para o jantar, febras de cebolada, para além do queijo, enchidos, presunto,... sempre disponíveis em cima da mesa.


E o Guto, cozinheiro de serviço estava já a preparar um pudim para sobremesa ao pé dos geradores ... este pessoal não facilita ...

E agora algumas fotos que fui fazendo do local da concentração ...
Para quem não conhece, o parque, tipo "mata nacional", está muito bem conservado e tratado... pinheiros mansos de grande porte, terreno direito e arenoso, com óptimas condições para campismo.











A polícia manteve-se sempre visível, quer dentro do recinto quer fora, o que se saúda.



Nas concentrações há sempre veículos ... estranhos ...




Este imaginativo motard, adaptou umas malas térmicas da Camping Gaz para a moto ...




E funcionavam na perfeição !!!!




... e este alemão tinha um top case XXL


E estes curiosos  guarda-pernas em lata ...





... máquina ...



Bom... e este é mesmo um verdadeiro amigo dos animais ...



Apreciem bem as adaptações que realizou na sua Honda Varadero ...


Só para o seu fiel amigo o poder acompanhar nas concentrações !!!



Olhem-me pra este !!! ... levou a "boneca"...




Há ainda grupos que têm sentido de humor nas mensagens que passam ...




Os Pinguiños são um local único como concentração.
A necessidade de nos juntarmos nas fogueiras, cozinhar em comum, ter a tendas perto uma das outras para combater melhor o frio que sempre faz no segundo fim de semana de Janeiro na meseta Ibérica ... torna-a diferente.



O Guto, eu próprio e a Olga e filha a preparar uma sopa de legumes ...



E esta cambada de malandros ...



A panela do café ...



A rapaziada na zona dos "comes-e-bebes"


E o pessoal do Psicológico, de Coimbra, com o famoso porco assado no espeto, muito apreciado pelos moteros espanhóis.



uma visita às tiendas ... o corpo já estava a pedir descanso ...


Noite de sexta-feira, uma banda que tocou música mais para "cotas" .... recordo algumas dos Dire Straits excelentemente interpretados.



Aspecto da praça central frente ao palco



O meu barrete colorido foi um péssimo e inoportuno investimento ... gastei 5,00 sem contar por causa do Rodrigues ... 

Andava sempre a perder-se de mim e fui obrigado a adquirir este berrante exemplar para ele me poder ver ao longe ... quando ele se perdia, deixava-me ficar quieto, cabeça bem levantada, até ele me ver e conseguir chegar de novo ao pé de mim ...



De volta à fogueira ...





e à sopa ...


E a noite de sexta para sábado, não fora o barulho dos geradores, dos malucos a acelerar e a dar "ratéres", da conversa de bêbedos, do barulho da música, dos tachos e panelas, dos gritos dos mais excitados com as bebidas energéticas, ... e do frio que entrava por todos os buraquinhos que as faúlhas fizeram na minha tenda, ... até tinha sido bem tranquila ...

Sábado acordei, se entretanto de noite não se mudou, com a mesma dor de cabeça com que me deitei ..

Mas ficou um dia de sol lindíssimo assim que o nevoeiro levantou, já perto do meio-dia.

E havia que preparar o almoço, que na ementa constava assadura transmontana.
Carnes de vitela, de porco, enchidos, ... tudo de boa qualidade e muita !!!!



Aqui, com o TóTó, dos Javalis de Vinhais, a tratar da assadura para o almoço de sábado ...



O Rodrigues a "atacar" o presunto ...


O pormernor da grelha ... Pinguinos.



e aqui a Rita e a Ana a fazer rabanadas para a sobremesa ... um luxo !!!!



O Tony, o Rui e o Sr. Presidente dos Javalis, Bruno XXX ...


O Rui, de Bragança, afiançou que as alheiras de Mirandela não valem nada ao pé das de Bragança e Vinhais ... mais, ... disse que os de Mirandela eram uns "nharros" e que tinham lá "uma merda que anda em cima duns carris ..."

O bairrismo no seu melhor ... parabéns ao Rui por defender tão convictamente a sua terra ...

Depois de almoço, passeio a pé pelo acampamento e pela aldeola vizinha ...


A praça Pinguiños na localidade




Enquanto o João Machado recuperava da noite mal dormida ... disse que eu ressonava e que era ouvido num raio de 50 metros... deve-me ter confundido com o gerador da malta da Moto Guzzi que tinha o barraco do lado ...
Apesar da organização providenciar muita lenha, esta acaba por se tornar um bem escasso tantas são as fogueiras em todo o recinto.
No sábado de manhã já estávamos com pouca lenha e que não daria sequer para o almoço de domingo.

No entanto, no sábado à tarde, vieram mais dois camiões com lenha ...
Aquelas cenas que se vêm na TV, a distribuição de alimentos nos campos de refugiados ... "tão a ver"? ... é pior ... quase que se matam para roubar toda a lenha que conseguem.




O nosso grupo, como era numeroso, foi para lá com um atrelado e, enquanto uns o carregavam, outros tiravam lenha para um monte para depois o voltar a carregar ...é com este pessoal que eu quero estar se a série Walking Dead se tornar real ...




e enquanto uns trabalhavam ...




outros aproveitavam para ler a revista MOTOCICLISMO espanhola mesmo sem perceber nada de espanhol ...




E por causa da lenha quase que havia um conflito transfronteiriço ...
A malta do barraco da Moto Guzzi veio ter connosco dizendo que "tenemos que compartilhar lenha ..."
"Ide pró c@r@lho ... daqui não levam nada!!!"... foi a resposta transmontana à investida castelhana
Distraíram-se e não deram conta que os camiões da lenha tinham chegado ... lixaram-se.
Tive que ir buscar os alarmes da minha tenda e colocar junto ao monte da nossa lenha ...

A noite de sábado é o ponto alto do espectáculo musical e esteve lá uma famosa e muito conhecida banda mas de que, agora, não me lembro o nome.

No entanto, recordo o nome das duas "entertainer"  que realizaram, ao que me contaram, um óptimo espectáculo de strip tease.





Ouvi os seus nomes através da poderosa instalação sonora: Daniela e Rosy.





Como a minha religião não me permite assistir a estes tristes e degradantes momentos, e porque é igualmente muito severa com os membros do seu rebanho que não cumpram os seus mandamentos, não quis arriscar e pedi ao Rodrigues que tirasse uma fotos, exclusivamente para publicar aqui para os meus amigos mais curiosos.


"prontos" ... já que querem mais fotos aqui vai ... mas só mais estas duas ...







Bom, ... de volta à fogueira e ao café que o Guto estava a fazer na panela de ferro, ... pote como lhe chamam.




e mais conversas ao redor da fogueira ...




O Rodrigues e o João Machado são ambos "caçarretas" e falam comigo como se eu percebesse também do assunto ... vou sorrindo, encolhendo os ombros, acenando com a cabeça, ...

Mas a conversa desta vez interessou-me muito ... 
Falava-se dum enorme javali macho que, para se poder comer, tem que se seguir um determinado ritual para o matar ... evitando assim que as suas carnes cheirem e saibam mal.
Os machos selvagens têm um cheiro muito característico e parecido com urina.

Dizia o Rodrigues, que também faz uns biscates de "matador e talhante, que  são precisas pelo menos 3 pessoas para matar um javali desses ... enquanto um lhe espeta a faca, outro corta-lhe os testículos ao mesmo tempo que o outro o masturba ... só assim a carne fica isenta dos mau cheiros e sabores !!!

Não sei se acredite nisto ... parece-me tudo muito estranho.

E à noite, depois da sossega, era tempo de reunião na tenda para a distribuição duns prémios referentes a um sorteio de angariação de fundos para equipar ainda melhor o barraco ...



Os mordomos de 2013 a fazer a distribuição dos ditos ... com o Tó Sá atento a fazer de funcionário do Governo Civil para garantir que não havia aldrabice ...



e a malta expectante ...


Nesta altura estava a decidir-se se, com o dinheiro que sobrava, se punha um flutuante na tenda ou um varão ... votei no varão.



E após uma disputada eleição, eis os novos mordomos para 2015:
O Xico Zé e o Ricardo.


Bom... e chegámos a domingo ... altura em que tínhamos que desmontar as tendas e arrumar a tralha para a viagem de regresso.

Um rápido pequeno almoço na tenda, à base de enchidos e queijo ... e umas minis que o garrafão da água tinha ficado na rua e estava gelada ...




E onde ainda o TóTó meditava sobre qual opção devia tomar: ou o chão flutuante ou o varão.

Estava uma manhã de muito frio ( -2º) e as tendas e as motos estavam cobertas de gelo.




a RT do João Machado estava linda....



E bom, ... chegou a altura de vos falar nos "Tirantes de pantalones de mierda".
O pobre do Rodrigues andava mal dos intestinos e fez frequentes visitas á margem do Duero ...
Esta manhã era apenas mais uma e nada fazia prever que tal desgraça acontecesse... uma vez mais apressado pelo chamamento da mãe natureza que forçava a tripa cagueira a excretar os seus nauseabundos compostos, correu já desesperado para a solidão e quietude do bosque junto ao rio como, aliás, fez inúmeras vezes nestes 3 dias.

Só que desta vez esqueceu-se que, da sua indumentária, constava um acessório até ali tranquilamente esquecido ao fundo da sua tenda: os suspensórios.

A força da gravidade já há muitos anos detalhadamente explicada por Isaac Newton, cumpriu uma vez mais o seu desígnio e fez com que os resíduos metabólicos, mais conhecidos simplesmente por merda, se depositassem, tranquila e crescentemente, nos suspensórios descuidadamente deixados pousados na terra ...






Pobre do Rodrigues ... só lhe faltava mais esta.


E lá nos fizemos ao caminho de regresso cerca das 10:00 (hora de Espanha) com o Rodrigues desta vez a ocupar o último lugar da coluna por causa dos odores ...

Uma última paragem em Fuentes de Oñoro para atestar e comer a bucha que tínhamos trazido da bem abastecida despensa ...




e o autotanque fez de mesa ....

Ainda me iam cortando o assento com a faca de cortar queijo ... estes tipos são doidos !!!!




e toca a andar que se faz tarde ...

A viagem de regresso correu bem e chegámos a casa cerca das 15:00, bem a tempo de "ver a bola" e apanhar uma valente molha ... desde Celorico da Beira que a chuva ameaçava ... perto de Seia começou a cair com violência e foi mesmo até às botas... ehehehhe...

Conclusão:
Os Pinguiños continuam a ser uma concentração única pelo seu estilo e forma de conviver com todos os que lá vão.
É obrigatória a união e partilha entre todos em ambiente tão adverso apesar de, como já referi, este ano ter sido uma excepção meteorológica.
É também ponto de encontro entre pessoas que só se vêm uma vez por ano e é ali, naquele local, naquele ambiente, ... e andar de moto é bom em qualquer altura do ano.

Por último, uma palavra de agradecimento às pessoas que nos receberam e como só os transmontanos sabem fazer ... amizades puras e desinteressadas, genuínas e com gosto em partilhar. Gente do melhor em todos os sentidos da palavra.

Bem hajam caros amigos "Cinquentinhas", "Fisgas" e "Javalis"... até para o ano.

E menos quase 900 kms para mudar o óleo ...





Todas as minhas fotos AQUI

Todas as fotos do António Rodrigues AQUI


5 comentários:

  1. ola Joao.
    o artigo está um excelente.
    o grupo musical que ja nao lembras o nome foi o muito popular "seguridade social".
    Pedro Barracho
    vice.presidente do grande grupo CINQUENTINHAS.
    abraço

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    1. Eh pá... pois era ... nem fazia ideia que tinha estado um grupo musical antes .... ahahahahaha ....
      Grande abraço Pedro e obrigado pela vossa companhia.
      Mais oportunidades teremos para conviver.

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  2. 5 estrelas como de costume. Abraço.

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    1. Obg Carlos.
      Se vocês se divertirem tanto a ler a crónica como eu a escrevê-la ... ficamos todos muito contentes.
      Abração amigo.

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  3. Grande pinguin Não há frio que te afaste nem vinho que tu não bebas.
    Abraço.

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